terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Bom Natal



A felicidade exige valentia

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não
esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela
vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no
recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter
medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para
ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa
Vou entrar de férias. Voltarei depois do Natal.
Até lá malta.
BOM NATAL A TODOS. Lembrem-se, a vida é feita de sorrisos...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Aproveite O Natal


É noite e está bastante frio, como tem sido apanágio de há uns tempos para cá. Preciso de algo quente: o meu corpo é um retalho de fúria pela rouquidão das trevas vindas do norte. Entro num café e abasteço-me de líquidos castanhos bem quentes. Transformo-me logo a seguir num corpo a deambular pelo deserto, sem rumo definido e sem esperança de sobreviver. Por fim o meu olho ganha vivacidade de outrora e a realidade das imagens são mais sentidas, mais estudadas. Fico completo na verdade.
Não muito longe da minha mesa, uma mesa carregada com quatro pessoas, de ambos os sexos. Parece uma reunião familiar intensa, exposta aos ouvidos públicos, já que as lágrimas, como gotas de ódio, desaparecem do seu corpo para o tampo de vidro demasiado gasto. Entristeço-me pelo gesto simples da pessoa, porque não consigo associar-me às bicadas deste flagelo, e porque penso que não há tempo para a desperdiçá-la nestas travessuras. Mas, a meio da tristeza, tive felizmente que a engolir com um trago feliz de um sorriso: os meus olhos são testemunhas daqueles amáveis abraços entre eles. Pelos vistos, as palavras ainda são usadas para a felicidade.
Neste Natal pense em usá-las; conquiste a verdadeira essência da vida, fazendo surgir esta mesa na sua sala.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sugestão para o Arejo


“CONTOS EM VIAGEM - BRASIL, outras rotas”

Brasil, território imenso e grandioso, feito de paisagens plurais, múltiplas especificidades e uma magnificente produção literária.Desenhámos uma rota prévia, escolhendo viajar através de lugares que têm mais perto ou mais longe o Rio S. Francisco ou, como popularmente é chamado, o Velho Chico. Este Rio atravessa cinco Estados - Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe - e foi da produção literária dos autores que nasceram nestes lugares, que organizámos a Outra Viagem: a das palavras.Nessa viagem pelos textos, o pressuposto é sempre sermos levados pela poética das estórias, da geografia dos lugares, pelas diferentes tipologias da sua gente, por diferentes sensibilidades, permitindo que cada espectador redesenhe a sua própria viagem, num encontro com paisagens desconhecidas que possam ser reconfiguradas na sua rede de símbolos, actualizando-as no lugar e no tempo de cada um.Uma actriz e um músico serão os nossos guias. Através do corpo, da voz, da ambiência sonora e de signos cénicos tão abstractos como abertos, seremos conduzidos do rio ao morro, do morro ao lugarejo, onde encontraremos personagens e lugares que habitam o outro lado do Atlântico, com quem partilhamos tantos afectos e o património comum que é o de falarmos a Língua Portuguesa.

29 de Janeiro, Sexta-feira, 21h30.
Entrada: 8 euros
M/6Duração: 70 m
Casa das Artes-Vila Nova de Famalicão

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O Frio


Já ninguém suporta o frio sem o adereço de marca.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Valeta De Cimento


Uma paisagem elegantemente emoldurada por talha dourada. Eu gosto, tu não gostas, Ficamos sem jeito, desconcertados, pela pouca união que nos une. Uma viagem para fugir ao quotidiano louco e repetitivo. Eu quero um País, tu queres outro. Acabamos por ficar em casa, em frente ao televisor, com o aborrecimento estampado no rosto e na voz. E sucessivamente, e sucessivamente, até ao infinito dos nãos somados pelas vontades. Porém a palavra interminável finda, para espanto dos que ainda acreditam no futuro, dos que ainda pensam que o céu está coberto por rosas vermelhas, como se o sol e a noite não possam ser substituídos por algo diabolicamente insuspeito.
O modernismo avança por cima dos cadáveres ressequidos pelo desgosto, pela mágoa do adeus sem volta, na indiferença obsessiva do fútil social. A uma velocidade que os fracos de espírito ou os camaleões com falhas técnicas não suportam. E acabam por desesperar e por morrer desconexos no meio humano, numa valeta de cimento.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A Mentira


Pressinto uma dificuldade nos teus lábios, nos teus gestos e nos teus medos de errar a pergunta que te fiz. Pressinto uma eloquência camuflada de me compreender as minhas humildes opiniões. E sorrio pela tua timidez envergonhada de me contar o teu gelo de saber, de me contar a tua verdade – que eu ao longe pressinto o cheiro enfurecido –, naturalmente fechado numa fraca especulação. Mas, como num sopro de coração que surge sem avisar ou sem ser devidamente autorizado, a indefinição move-se para a minha verdade, formulada por premissas intermitentes escarradas da tua voz esverdeada, como se um adolescente morasse nessa casa, depois da presença das tuas palavras ribombar na sala dos espelhos. Fico irritado pela certeza, enfurecido e estremeço pela mentira vociferada gratuitamente, assim, mesmo a quem te acolhe de coração aberto, mesmo a quem chora pelo teu desgosto, pela desilusão de um não seco pregado por alguém verdadeiro.
E penso que o mundo esconde as verdadeiras cicatrizes numa mentira.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Romance que escrevo e que ainda não tem título - parte III


(Continuação)


impacto do vento, desaparece agilmente sem deixar rasto. “Este menino”, deixo descair as palavras, a tempo de evitar a imperceptibilidade da minha voz, dado que me é inevitável esticar o esqueleto e o rosto neste momento. Atitude que não controlamos e que aparecem assim do vazio sem aviso, sem serem programados: são momentos certos mas inevitavelmente incertos. Incertos, são também, os movimentos executados agora pelo meu corpo, através de deslocações anárquicas dos membros, desenhando na atmosfera uma comédia profunda, sob o olhar desdenhoso e irónico do meu companheiro. E, este desequilíbrio desgrenhado, cessa, pouco depois, com uma das mãos a pousar violentamente nos líquidos pegajosos. Suspiro desconsolado, rugindo umas palavras incultas, ao mesmo tempo que um sorriso suave eleva-se no ar. “Olha o tratante”, cuspo-lhe com uma almofada.
Ergo-me um pouco, a custo, e deixo descair suavemente os olhos para algo imprevisível. Durante a viagem, surge o relógio, ali, solto, a flutuar na escuridão, longe do sustentáculo que o amarra à realidade, exibindo um borrão vermelho acolhedor. Fixo-lhe a retina e suavizo, com esforço, o meu olhar pardacento. Pouco a pouco, em simetria, no acto puro de emoção, descortino devagar os algarismos que deslizam ininterruptamente dentro da caixinha preta. Arregalo as pálpebras quando os conjugo e, com um pulo, levanto-me jovialmente. Visto-me e atiro-me para o sol. Na rua, dentro do fiapo espacial da cidade, vejo-o resplendoroso, vivo, jorrando claridade intensa e infinita, e os transeuntes, alheios, ocupados com o inferno dos pequenos rectângulos nos ouvidos, de cores e formas diversas, a discutirem, a articularem palavras sem selecção, gesticulando com esforço uma verdade que recordam possuir e param exaustos, suando, bufando, ao pé do sinal que os obriga a parar, defronte a umas riscas brancas, e os automobilistas, alheios, ainda mais alheios, absorvidos na condução das peças mecânicas, inundadas de electrónica, deslizam-nas


(continuação)

Sujeito a Mudança

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sugestão para o Arejo


Investigar a Ciência Na Cozinha

Investigar a ciência na cozinha, é o que se propõe neste programa, através da confecção de algumas receitas. Esta actividade é dirigida a crianças e jovens dos 8 aos 12 anos. Agendado para os últimos Sábados de cada mês, em Dezembro, realizar-se-á no dia 26, entre as 11 e as 12 horas.Aparece, pois irás desvendar alguns dos segredos culinários dos grandes chefes. Em Dezembro, será confeccionado arroz doce, sobremesa bem típica desta época.


Data: 26-12-2009
Horário: 11h às 12h
Local: Centro de Ciência Viva - Vila do Conde

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Aconchego Da Luz


Afinal ainda sinto a felicidade a escorrer-me pelos lábios e a sujar-me a barba meio desgrenhada, meio esbranquiçada pela idade que me come, que me devora até às entranhas. E eu sorrio pelo seu atrevimento, pelo desrespeito à minha vontade, ao mesmo tempo que desato num choro adolescente, muito imaculado, muito agarrado à infantilidade, pelo musgo que a minha voz vai possuindo. Afinal nem tudo está perdido, nem tudo é uma ilusão, um abismo, uma morte prematura, nem tudo me agarra para o véu da cegueira eterna. Afinal ainda consigo sorrir, abraçar a felicidade. Afinal ainda encontro portas, que depois de abertas, dentro dos compartimentos, luzes de esperanças a novos respiros me beijam a pele áspera. E eu volto a viver.
E tu, já encontraste a tua luz?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Um Escarro Para o Nada


A vida é feita de palavras. O problema é usá-las com maturidade.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sugestão para o Arejo


CICLO INFANTIL ALICE VIEIRA

A Livraria Almedina, em comemoração dos 30 anos de livros de Alice Vieira, convida os mais pequenos a assistir a uma sessão de contos da escritora, por Clara Haddad.

Almedina Arrábida Shopping, 05 de Dezembro 2009, às 11h 00m

Usem As Palavras


Palavras, que ficam enterradas no coração, não servem de sustento às ideias. É uma verdade comprovada pelo abandono das costas amigas ou de quem nos pertence ao coração, ou talvez mais. E isto custa aceitar, custa compreender a desilusão conquistada com pouco esforço. Mas nada serve o abraço do ódio ou o sabor amargo da derrota se numa próxima bola, numa próxima pressão exagerada pelo momento de um problema, elas não saiam do sofá aconchegante e não voam para dentro do ouvido mais próximo. Que no deslizamento rápido pela garganta profunda do hospedeiro, embatem com o seu significado no coração afeiçoado às mentiras, por falsas lógicas, como uma bomba, como luzes cobertas de verdade.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Rescaldo


Tudo acabou na paz dos anjos e no silêncio das vozes. Embora o susto ainda esteja vivo na memória e os gritos a ecoarem na caixa que orienta. Tudo não passou de um grande susto.

Obrigado pela preocupação amigos. Estou bem, assim como todos.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Susto


Hoje acordei com gritos agudos e assustadores no prédio. Que me arranharam os ouvidos e me tiraram do teu sonho. Levantei-me, com o cabelo deveras desgrenhado, e senti fumo, muito fumo: o meu prédio ardia.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sugestão para o Arejo


O MAR EM CASABLANCA
Livro de Francisco José Viegas


O Mar em Casablanca devolve-nos a personagem principal dos anteriores romances do autor, o inspector Jaime Ramos, da Polícia Judiciária do Porto. O detective regressa para uma nova investigação onde reencontra a sua própria biografia, as recordações do seu passado na guerra colonial e um personagem que o persegue como uma sombra, um português repartido por todos os continentes e cuja identidade se mistura com o da memória portuguesa do último século.
30.11 SEG18H00 Stª. Catarina - FNAC

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Futuro Sorriso


O nosso país tem 8,4% de défice. O que corresponde a grandes sacos carregados de notas de 500€, amontoadas no sufoco dos números como sardinhas enlatadas. E sabem quem os vãos encher?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sei Que Tas Aí

Landscape with butterflies, Salvador Dali

São dois os dias de um ser. Um para nascer. Outro para morrer. Mas há sempre espaço para um sorriso profundo da tua boca. E para um simples beijo do teu corpo. Basta, para isso, abraçarmos a felicidade com palavras justas.


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Basta Pensar


Sentado defronte da janela vejo a cidade a crescer desordenadamente. Com nenhuma preocupação social e estética subjacente à cosedura da malha urbana. E a identidade humana, tão intrínseca nos antigos autóctones, dilui-se nos interesses do capitalismo. Sem perceberem que é possível conjugar-se tudo...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Lutar Por Quem Não Está Aqui


Da esperança nasce a confiança plena. Que o lutador de sonhos se amarra para caminhar por trilhos cobertos por pegadas de fantasmas. Porque o paraíso desejado – o seu amor – está ali, mesmo ao dobrar da esquina.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sugestão para o Arejo


Exposição "José Régio e o Teatro"


Data: 01-07-2009 a 25-11-2009
Horário: 10h00 às 18h00 (terça a domingo)
Local: Casa de José Régio - Centro de Documentação

Vila do Conde

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Não Consigo Sair Do Branco


Eu tenho mares de palavras dentro de mim que precisam de significados. Mas a folha de papel continua em branco.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O Vento Da Voz


Ontem à noite, ia para casa, comodamente instalado no meu humilde veículo, quando da rádio surge de súbito a notícia, “o desemprego volta a subir. Com mais este aumento, a barreira dos 530 mil desempregados é ultrapassada”. Estremeci pela hecatombe do significado, alargando o olhar como um monstro. E, no medo de desaparecer da estrada sem vida, encostei-o na valeta, a respirar o flagelo que entope, sem nos apercebermos, a felicidade do progresso.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Do Interior


Há sempre palavras que custam sair do interior. E quando saem, por artes mágicas que nem os maiores especialistas teriam argumentos empíricos para os explicar, fica sempre a sensação de não terem sido fiéis condutores do sentimento.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Rosto Que Não É Teu

O teclado solta um murmurinho suave, assim que os dedos borrifam nas teclas. E de imediato, no monitor coberto de papéis com notas, umas com interesse, outras nem tanto, surgem palavras, contendo ideias destorcidas da verdade, como se a personagem quisesse apresentar o seu heterónimo mais obscuro. Pouco depois, tudo cessa para deixar escorrer o texto. É um momento delicado, porque o actor percorre o deserto de outro país como se fosse o seu. E percorrido o calor, envia a mensagem sem medos.
Do outro lado dos fios, num outro monitor, a mensagem é aberta e é lida cuidadosamente por alguém que, pouco antes, tinha enviado palavras com rostos que também não são seus.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sugestão para o Arejo


LADO B - QUINTAS DE LEITURA com Pedro Tochas


26 de Novembro de 2009

Auditório22h00

Espectáculo para maiores de 16 anos

O comediante Pedro Tochas apresenta-se nas “Quintas de Leitura” pela 12.ª vez. Desta feita, a pedido de muitas famílias, traz-nos um dos seus espectáculos mais emblemáticos e aclamados: “Lado B”. Oportunidade única para rever o mais pessoal e autobiográfico espectáculo de Pedro Tochas.O amor, o sexo, a dicotomia homem/mulher são temas que estão de volta nesta bem disposta e irreverente visão do mundo.Mas, desta vez, a sua vida académica, as suas vivências como artista de rua e as experiências em vários anos de digressão, vão também estar na mira da análise desconcertante de Pedro Tochas.


TEATRO CAMPO ALEGRE - PORTO

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Memórias


Chove. São pequenas gotas, muito miúdas, muitas ternas, que borrifam o perímetro do meu corpo sossegado no aconchego das minhas memórias longínquas. Que tantas saudades sinto de as abraçar…

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Correria Desenfreada


Os números de Portugal não enganam. E já ninguém sente a segurança do sofá, com o televisor defronte a mostrar o flagelo dos outros países.
A Gripe A deambula apressadamente nas ruas das nossas cidades, fugindo das autoridades de segurança que indigitam uma seringa como um meio de a capturar. Uma vez que ela é acusada de inúmeros homicídios.
Até ao momento nada a derrubou nem a amoleceu.
Aguarda-se novas tentativas.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Uma Lágrima Pela Descoberta


As verdades escondem-se nas entranhas das falsas verdades, como se vestissem um indivíduo com óleos dissonantes. E o mundo recebe-o de braços abertos, na inocência da exactidão, oferendo-lhe grinaldas com corações.
Mas no momento de lhe tirar a roupagem, para o acto de amor, uma metralhadora muito escura erga-se da escuridão, a vomitar balas enfurecidas. Que em voo fugaz e destemido encravam-se nas carnes sem piedade. Subitamente, em movimentos anárquicos, o sangue jorra como rios engrandecidos pelas chuvas.
Assim se faz o emporcalhado quotidiano em que todos vivemos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Muro


Vinte anos depois da queda, as pedras ainda continuam a marcar presença.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sugestão para o Arejo



Depeche Mode Tour Of The Universe

Confirmado: Os Depeche Mode regressam ao Pavilhão Atlântico, em Lisboa, com Tour of the Universe. Devido a uma lesão sofrida pelo vocalista, Dave Gahan, os Depeche Mode cancelaram algumas datas da digressão europeia, incluindo o concerto no Estádio do Bessa em Julho. Com Dave Gahan a recuperar bem, os Depeche Mode reorganizaram a sua agenda e confirmam o concerto no Pavilhão Atlântico, dia 14 de Novembro. Considerados por muitos como os "pais" do synth pop, os Depeche Mode são uma banda inglesa de música electrónica com quase 30 anos de existência e mais de 91 milhões de discos vendidos. No alinhamento do concerto, prometem recordar temas antigos como Walking in my Shoes (1993), A Question of Time (1986), Strangelove (1987), Personal Jesus (1989), Stripped (1986), ao lado dos mais recentes Peace e Wrong, do álbum Sounds of the Universe (2009).


Início de venda dos Bilhetes: 03-08-2009 09:45
Fim de Venda de bilhetes: 14-11-2009 23:59
Duração do espectáculo: 120 minutos

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Escuridão dos Bolsos


As luzes artificiais encontram-se acesas. Não é de estranhar, o dia morre por entre o adeus das montanhas. Na substituição da palavra, uma erga-se do chão, com a pujança da juventude revestida no rosto. E em menos gestos do que um simples movimento do meu corpo, tudo fica escuro. Tudo me faz lembrar a carteira dos portugueses.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Romance que escrevo e que ainda não tem título - parte II


(Continuação)

O silêncio bebido cegamente proporciona a envolvência com o desconhecido, e não é de estranhar, portanto, que o ressoar dos sinos da igreja, a uma distância de um infinito, me patenteiem com um horário estranho. Encorrilho a pele da minha face, com um movimento simétrico do rosto, e murmuro um “bolas”, pelo facto de apenas um devaneio ser percorrido desta forma. No meio desta rouquidão temporal, desta assimetria vivencial, um rosnar do estômago eleva-se, exigindo atenção. Deixo descair um sorriso. A noite vai alta.
Preso a tradições envelhecidas, longe da aceitação da modernidade, mastigo calmamente na cozinha umas uvas suculentas, envolvido por um ambiente tépido e amarelecido, pelo raiar das velas colocadas num canto da mesa. No outro canto oposto, perto do meu braço, o gato siamês espreguiça-se, abrindo desmedidamente a pequenina boca. Faço-lhe umas festas nas costas e na barriga, mas não reage. “Está mesmo cansado”, murmuro. Não é de estranhar, o dia foi cheio de acrobacias no meu grémio.
Cravadas à longevidade do corpo, as pernas torturam-me quando solicitadas, enviando-me guinadas dolorosas a cada passo, a cada gesto, a cada tentativa de movimento, que perduram interminavelmente. Gostava, assim, de poder voar para não enfraquecer, para não sentir a força da idade. A idade, essa inimiga dos bons ventos. Desta forma, arrasto-me, arrasto-me até ao aconchego de um sonho impreciso, enrolado por cobertores coloridos e frescos, muito perto da hora do cacarejar.Por motivos compreensíveis e sensatos, já com o sol bem elevado, acordo com a cara enterrada na almofada inundada de líquidos viscosos saídos da minha boca. Ao lado, o gato siamês a lambê-los pausadamente, todo descontraído, com o pequeno rabo a abanar para um lado e para o outro, na provável convicção que a sua sede findaria. Abano a cabeça, reprovando a atitude do malandro, e sopro-lhe, com força, na direcção do focinho. Sacode-se, fecha os olhos e, após umas traquinices, na tentativa de fugir ao

(Continuação)

Sujeito a mudanças

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Uma Fatia da Miséria


As notícias asquerosas não param de existir nos diários informativos. E, de uma forma radiante, saltam à vista pelas gordas bem redondinhas, sempre que a página antecedente se transforma em memória.
De entre a podridão, os actos sexuais a menores são a ponta do abismo da miséria.
Assim se faz a nossa sociedade, a que muitos apelidam de moderna!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Estou Aqui


A chuva não foi, e nem poderia ser, inimiga da união dos respiros, que tão longe se encontram, mas tão perto estão.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sugestão para o Arejo


Isto é uma aberração!


Pretende ser um espectáculo divertido do princípio ao fim.
“A peça de teatro é nada mais que um Grupo de Teatro com péssimos actores. Eles vão tentar entreter o público furioso que pagou para ver uma tragédia e não um desastre teatral. Cuidado com este público, porque é capaz de afinfar com as garrafas de água nas trombas dos actores! Como eles são forçados a compensar a sua falta de profissionalismo, vão tentar outra peça. Será que vão conseguir? Então paguem para ver!”



QUANDO: 31 Out 2009
ONDE: Clube Literário do Porto, Porto
HORAS: 21H30

O Hércules


Tento combater os impossíveis, todo o sempre.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Explicações Fugazes a Tudo


Todos sabemos proferir diabruras, como eloquentes cultivados, sobre todos os assuntos mundanos. Muitas vezes até ajudamos os especialistas a construírem razões para as afirmações. Sempre envoltos numa arrogância elevada e exagerada, como sabichões do outro mundo.
Porém, não passamos de uns iletrados, de umas pobres criaturas encaixadas na insensibilidade e no exagero, porque ainda não percebemos que “só sei que nada sei”.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Apenas um Gesto…


As palavras da rádio, proferidas hoje, relacionadas com um estudo efectuado, são claras e inquestionáveis – “em Portugal, cerca de 40.000 idosos passam fome…” – como o azul que banha o mar. No meio das lágrimas fúnebres, questiono-me sobre os genocídios praticados, neste Inverno de crocodilos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Lucidez


Sinto o que tu não sentes, como verdades íntimas que se abraçam no rosto.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Adaptar-mos


Da janela que olho, o céu adensa-se com fúria, sobre uma capa escura e terrível. Ao longe, raios súbitos projectam uma noite absoluta por entre ponteiros diurnos, como frases sem consenso.
Sorrio pela objectiva voltada para a verdade; sorrio em ver que a Natureza também se adapta.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Realidade Escondida


Comemos o mundo como se ele fosse infantil.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

“A Palavra Que Mais Gosto É Do Não”




Ainda me treme o corpo e a razão, ainda me treme o olhar. O caso não é para menos, embora sinta uma pontinha de admiração pelos meus tremeliques exagerados, uma vez que Penafiel e eu, e não só, fomos testemunhas da lucidez do mestre Saramago – dinossauro, como disseram muitos – mesmo embrulhado numa debilidade física aflitiva e chocante. Ao lado do seu “Caim”, o mais recente grito do “não”. Aquele não que surge sempre aliado às maiores certezas universais, como um acto “de levantar a pedra e espreitar para o oculto”. Indicando-nos que o caminho não é o de consumir as palavras espalhadas diariamente, que estão enroladas em interesses, mas de as questionar com “nãos”, as vezes que forem necessárias, até chegarmos a uma afirmação com valor, com orientação do eu.
Há pessoas assim, que navegam no pensamento com pensamento, envolvendo linguagem e crença, e as espalham em forma de tradição, como necessidades de mudança mundana. João Tordo, o vencedor do prémio Saramago desta última edição, esse tutor mundial, como discípulo, tem obrigatoriedade de lhe seguir as pegadas: abanando a civilização das malhas do conformismo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Todo o Saramago em Penafiel


À segunda edição, o Escritaria elege a obra de José Saramago como eixo central de um programa que, em 2008, homenageou Urbano Tavares Rodrigues. Até domingo, os itinerários saramaguianos cruzam-se em Penafiel.
Com a devida permissão da Azinhaga, terra natal do escritor, Penafiel vai converter-se, durante quatro dias, na localidade de Saramago por excelência. Não tropeçar em referências ao único Nobel da Literatura de língua portuguesa vai ser uma tarefa condenada ao insucesso, tão evidentes são as marcas da sua obra espalhadas por Penafiel.
Por isso, Manuel Andrade - administrador da Cão Menor, editora responsável pelo evento, a par da edilidade local - reconhece que o objectivo do festival passa por "contaminar a cidade com aforismos, frases soltas, referências históricas, cosmogonias literárias, imagens e obras plásticas que remetam para o peculiar universo de José Saramago".
Do ambicioso programa do Escritaria fazem parte não apenas os habituais colóquios, em que participam figuras como o cineasta brasileiro Fernando Meirelles, o arquitecto espanhol José Joaquín Parra e os escritores Laura Restrepo e Miguel Real, ou o lançamento mundial do novo romance do autor, "Caim", mas também iniciativas que visam aproximar a comunidade local do autor.
Os exemplos deste esforço de dessacralização são tão abundantes que o palco mais frequente das iniciativas não é nenhum auditório, mas sim as ruas e praças penafidelenses. Além de frases do autor pintadas na estrada e de cartazes em forma de 'post-it' contendo frases emblemáticas da sua obra, o Escritaria vai apresentar insólitos "bancos que narram", em que, graças a dispositivos sonoros, vulgares assentos vão reproduzir gravações de excertos saramaguianos.
O cenário não fica completo sem instalações que se prevêem igualmente marcantes, como as "Caixas de leitura", que podem ser recolhidas e até levadas para casa pelos transeuntes, ou a designada "Avenida em obras". Nesta artéria literária, situada na Avenida Sacadura Cabral, "cada romance de Saramago dá origem a uma instalação que contém informação e ilustrações", explica a organização.
Quem se deslocar à cidade duriense até domingo, pode ainda ser surpreendido com Blimunda de Jesus, Ricardo Reis, Jesus Cristo ou Tertuliano Máximo Afonso a passearem tranquilamente pelas ruas, como resultado do projecto "Cidade das personagens", desenvolvido por arquitectos nascidos na década de 70.


notícia do Jornal Notícias - 14/10/09

O Aplauso


Um aplauso para quem não consegue sorrir! Vamos lá, todos. Um, dois e… Sim, um aplauso, um verdadeiro aplauso! Um, dois… bolas, não fique assim, não enrugue as sobranceiras nem me olhe assim, como se fosse uma trituradora. Já lhe disse, temos que aplaudir, sim senhor, quem nasceu – ou veio a estar – de costas voltadas às respiros felizes da vida, por factores alheios às nossas verdades. É um simples aplauso, um apenas, mas com sentimento, com convicção, com alma. Vamos lá. Não se esqueçam, o nosso gesto poderá apagar-lhes o negrume taciturno, nem que seja por momentos. E isso já é uma conquista do mundo. Vamos lá, um, dois e três…isso, muito bem. Grande aplauso.
Já a caminho de casa, a um bom par de distância do antigo acontecimento, uma ideia de utopia perfura-me a visão. Paro e esfrego os olhos. Ela permanece, mas agora alicerçada com uma pergunta: “Todos aplaudiram com convicção?”

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Monólogos da Vagina de Eve Ensler


Em 2009, "Os Monólogos da Vagina" estão de volta numa nova encenação de Isabel Medina, com Guida Maria, São José Correia e Ana Brito e Cunha a partilhar estas histórias ao mesmo tempo comoventes e divertidas.

Teatro 6 e 7 de Novembro, sexta e Sábado, 21h30 Grande Auditório. Entrada: 12 euros

M/16Duração 90 m.

Escrita em 1996 por Eve Ensler, "Os Monólogos da Vagina" é uma peça de sucesso mundial, com apresentações em mais de 119 países e traduzida em mais de 45 línguas. Com um título propositadamente irreverente, a peça pretende chamar a atenção para assuntos tão particulares como a violação, a menstruação, a mutilação, o prazer, as infidelidades conjugais ou as terapias de grupo.Já protagonizada por actrizes como Jane Fonda, Whoopi Goldberg, Susan Sarandon, Oprah Winfrey ou Meryl Streep, estreou com grande sucesso em Portugal em Outubro de 2000 com interpretação de Guida Maria.

Casa das Artes - Vila Nova de Famalicão

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O Concerto Divino


A sala estava cheia de olhares ansiosos pelo início dos acordes serenos e esplêndidos, que remexem os sentimentos alojados numa concavidade escura, nas profundezas do inexplicável, provenientes das mãos da diva e dos três músicos de luxo que a acompanham. Sempre com o burburinho das eleições autárquicas a borrifar o ar.
Ao meu lado, uma cadeira vazia suspira Memórias de Elefante (desculpe o plágio, Sr. António Lobo Antunes), banhada nas mais profundas tristezas, que me comoveu. Fiz um gesto ligeiro para a reconfortar, mas, sem saber como, trespassei as brumas da ilusão e vi-a a voar. Voamos, como dois velhos conhecidos, como dois amigos íntimos, até às incertezas da geografia.
“Desculpe, está ocupada?”, reviro os olhos e relembro-me. “Não, não, pode sentar-se”.
Aplausos. O concerto começou.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Criador de Morte


Dentro do corpo velho que suspira terrivelmente nas ruas lamacentas, as horas passam como cortes de navalhas pelo silêncio do telefone. Das brechas, ainda impregnadas pelo cheiro da lâmina, corre um manancial de nostalgias: de imagens a preto, carregadas de abraços a uma mulher macia e lasciva e de paisagens deslumbrantes, associadas ao Douro. Solta-se um aguaceiro de sentimentos pelo passeio pavoroso, escondido pela sombra do chapéu enterrado na nuca. E as horas, persistentes, ausentes das construções dos suicídios, florescem a cada sessenta minutos. E o telefone sempre vazio de vozes ou de palavras que o amarrem aos respiros na terra.
Num dos limites da cidade, o precipício do silêncio sente-o no aconchego da sua cama.
O telefone sempre vazio.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mecanismos/In Tensões


“O discurso do amor é, normalmente, um envelope liso colado à Imagem, uma luva macia que rodeia o ser amado” (Roland Barthes). Essa pulsação primitiva, que celebra o movimento dos corpos é o ponto de partida do espectáculo de Joana Providência In-Tensões, cuja coreografia impele ao movimento Amoroso, atópico por excelência: o da perda agónica, da exuberância da espera em volúpia, enfim, da escravidão dos sentidos: o louco de amor. Esta alegoria do desejo em que cada gesto é já palavra e discurso, reveste os corpos de um latejar único, simples, que corta em consciência o discurso frenético do dia a dia, pois mesmo aqui não sublima. É único. “Eis o que eu sou: É o prazer narrativo que (…) enche e atrasa o saber (…) No encontro de amor, salto sem cessar, sou ligeiro” (Ibidem)


Data: 17-10-2009
Horário: 21h30
Local: Teatro Municipal - Vila Do Conde

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Sufrágio às Palavras Parte 2


A qualquer hora e em qualquer local um cardume eufórico, com bandeiras desfraldadas, surgem de todas as esquinas, gritando futuros renovados.
A ver vamos, meus senhores, a ver vamos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ideia Simples


As palavras são meros encargos de consciência