sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sugestão para o Arejo


Isto é uma aberração!


Pretende ser um espectáculo divertido do princípio ao fim.
“A peça de teatro é nada mais que um Grupo de Teatro com péssimos actores. Eles vão tentar entreter o público furioso que pagou para ver uma tragédia e não um desastre teatral. Cuidado com este público, porque é capaz de afinfar com as garrafas de água nas trombas dos actores! Como eles são forçados a compensar a sua falta de profissionalismo, vão tentar outra peça. Será que vão conseguir? Então paguem para ver!”



QUANDO: 31 Out 2009
ONDE: Clube Literário do Porto, Porto
HORAS: 21H30

O Hércules


Tento combater os impossíveis, todo o sempre.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Explicações Fugazes a Tudo


Todos sabemos proferir diabruras, como eloquentes cultivados, sobre todos os assuntos mundanos. Muitas vezes até ajudamos os especialistas a construírem razões para as afirmações. Sempre envoltos numa arrogância elevada e exagerada, como sabichões do outro mundo.
Porém, não passamos de uns iletrados, de umas pobres criaturas encaixadas na insensibilidade e no exagero, porque ainda não percebemos que “só sei que nada sei”.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Apenas um Gesto…


As palavras da rádio, proferidas hoje, relacionadas com um estudo efectuado, são claras e inquestionáveis – “em Portugal, cerca de 40.000 idosos passam fome…” – como o azul que banha o mar. No meio das lágrimas fúnebres, questiono-me sobre os genocídios praticados, neste Inverno de crocodilos.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Lucidez


Sinto o que tu não sentes, como verdades íntimas que se abraçam no rosto.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Adaptar-mos


Da janela que olho, o céu adensa-se com fúria, sobre uma capa escura e terrível. Ao longe, raios súbitos projectam uma noite absoluta por entre ponteiros diurnos, como frases sem consenso.
Sorrio pela objectiva voltada para a verdade; sorrio em ver que a Natureza também se adapta.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Realidade Escondida


Comemos o mundo como se ele fosse infantil.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

“A Palavra Que Mais Gosto É Do Não”




Ainda me treme o corpo e a razão, ainda me treme o olhar. O caso não é para menos, embora sinta uma pontinha de admiração pelos meus tremeliques exagerados, uma vez que Penafiel e eu, e não só, fomos testemunhas da lucidez do mestre Saramago – dinossauro, como disseram muitos – mesmo embrulhado numa debilidade física aflitiva e chocante. Ao lado do seu “Caim”, o mais recente grito do “não”. Aquele não que surge sempre aliado às maiores certezas universais, como um acto “de levantar a pedra e espreitar para o oculto”. Indicando-nos que o caminho não é o de consumir as palavras espalhadas diariamente, que estão enroladas em interesses, mas de as questionar com “nãos”, as vezes que forem necessárias, até chegarmos a uma afirmação com valor, com orientação do eu.
Há pessoas assim, que navegam no pensamento com pensamento, envolvendo linguagem e crença, e as espalham em forma de tradição, como necessidades de mudança mundana. João Tordo, o vencedor do prémio Saramago desta última edição, esse tutor mundial, como discípulo, tem obrigatoriedade de lhe seguir as pegadas: abanando a civilização das malhas do conformismo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Todo o Saramago em Penafiel


À segunda edição, o Escritaria elege a obra de José Saramago como eixo central de um programa que, em 2008, homenageou Urbano Tavares Rodrigues. Até domingo, os itinerários saramaguianos cruzam-se em Penafiel.
Com a devida permissão da Azinhaga, terra natal do escritor, Penafiel vai converter-se, durante quatro dias, na localidade de Saramago por excelência. Não tropeçar em referências ao único Nobel da Literatura de língua portuguesa vai ser uma tarefa condenada ao insucesso, tão evidentes são as marcas da sua obra espalhadas por Penafiel.
Por isso, Manuel Andrade - administrador da Cão Menor, editora responsável pelo evento, a par da edilidade local - reconhece que o objectivo do festival passa por "contaminar a cidade com aforismos, frases soltas, referências históricas, cosmogonias literárias, imagens e obras plásticas que remetam para o peculiar universo de José Saramago".
Do ambicioso programa do Escritaria fazem parte não apenas os habituais colóquios, em que participam figuras como o cineasta brasileiro Fernando Meirelles, o arquitecto espanhol José Joaquín Parra e os escritores Laura Restrepo e Miguel Real, ou o lançamento mundial do novo romance do autor, "Caim", mas também iniciativas que visam aproximar a comunidade local do autor.
Os exemplos deste esforço de dessacralização são tão abundantes que o palco mais frequente das iniciativas não é nenhum auditório, mas sim as ruas e praças penafidelenses. Além de frases do autor pintadas na estrada e de cartazes em forma de 'post-it' contendo frases emblemáticas da sua obra, o Escritaria vai apresentar insólitos "bancos que narram", em que, graças a dispositivos sonoros, vulgares assentos vão reproduzir gravações de excertos saramaguianos.
O cenário não fica completo sem instalações que se prevêem igualmente marcantes, como as "Caixas de leitura", que podem ser recolhidas e até levadas para casa pelos transeuntes, ou a designada "Avenida em obras". Nesta artéria literária, situada na Avenida Sacadura Cabral, "cada romance de Saramago dá origem a uma instalação que contém informação e ilustrações", explica a organização.
Quem se deslocar à cidade duriense até domingo, pode ainda ser surpreendido com Blimunda de Jesus, Ricardo Reis, Jesus Cristo ou Tertuliano Máximo Afonso a passearem tranquilamente pelas ruas, como resultado do projecto "Cidade das personagens", desenvolvido por arquitectos nascidos na década de 70.


notícia do Jornal Notícias - 14/10/09

O Aplauso


Um aplauso para quem não consegue sorrir! Vamos lá, todos. Um, dois e… Sim, um aplauso, um verdadeiro aplauso! Um, dois… bolas, não fique assim, não enrugue as sobranceiras nem me olhe assim, como se fosse uma trituradora. Já lhe disse, temos que aplaudir, sim senhor, quem nasceu – ou veio a estar – de costas voltadas às respiros felizes da vida, por factores alheios às nossas verdades. É um simples aplauso, um apenas, mas com sentimento, com convicção, com alma. Vamos lá. Não se esqueçam, o nosso gesto poderá apagar-lhes o negrume taciturno, nem que seja por momentos. E isso já é uma conquista do mundo. Vamos lá, um, dois e três…isso, muito bem. Grande aplauso.
Já a caminho de casa, a um bom par de distância do antigo acontecimento, uma ideia de utopia perfura-me a visão. Paro e esfrego os olhos. Ela permanece, mas agora alicerçada com uma pergunta: “Todos aplaudiram com convicção?”

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Monólogos da Vagina de Eve Ensler


Em 2009, "Os Monólogos da Vagina" estão de volta numa nova encenação de Isabel Medina, com Guida Maria, São José Correia e Ana Brito e Cunha a partilhar estas histórias ao mesmo tempo comoventes e divertidas.

Teatro 6 e 7 de Novembro, sexta e Sábado, 21h30 Grande Auditório. Entrada: 12 euros

M/16Duração 90 m.

Escrita em 1996 por Eve Ensler, "Os Monólogos da Vagina" é uma peça de sucesso mundial, com apresentações em mais de 119 países e traduzida em mais de 45 línguas. Com um título propositadamente irreverente, a peça pretende chamar a atenção para assuntos tão particulares como a violação, a menstruação, a mutilação, o prazer, as infidelidades conjugais ou as terapias de grupo.Já protagonizada por actrizes como Jane Fonda, Whoopi Goldberg, Susan Sarandon, Oprah Winfrey ou Meryl Streep, estreou com grande sucesso em Portugal em Outubro de 2000 com interpretação de Guida Maria.

Casa das Artes - Vila Nova de Famalicão

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O Concerto Divino


A sala estava cheia de olhares ansiosos pelo início dos acordes serenos e esplêndidos, que remexem os sentimentos alojados numa concavidade escura, nas profundezas do inexplicável, provenientes das mãos da diva e dos três músicos de luxo que a acompanham. Sempre com o burburinho das eleições autárquicas a borrifar o ar.
Ao meu lado, uma cadeira vazia suspira Memórias de Elefante (desculpe o plágio, Sr. António Lobo Antunes), banhada nas mais profundas tristezas, que me comoveu. Fiz um gesto ligeiro para a reconfortar, mas, sem saber como, trespassei as brumas da ilusão e vi-a a voar. Voamos, como dois velhos conhecidos, como dois amigos íntimos, até às incertezas da geografia.
“Desculpe, está ocupada?”, reviro os olhos e relembro-me. “Não, não, pode sentar-se”.
Aplausos. O concerto começou.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Criador de Morte


Dentro do corpo velho que suspira terrivelmente nas ruas lamacentas, as horas passam como cortes de navalhas pelo silêncio do telefone. Das brechas, ainda impregnadas pelo cheiro da lâmina, corre um manancial de nostalgias: de imagens a preto, carregadas de abraços a uma mulher macia e lasciva e de paisagens deslumbrantes, associadas ao Douro. Solta-se um aguaceiro de sentimentos pelo passeio pavoroso, escondido pela sombra do chapéu enterrado na nuca. E as horas, persistentes, ausentes das construções dos suicídios, florescem a cada sessenta minutos. E o telefone sempre vazio de vozes ou de palavras que o amarrem aos respiros na terra.
Num dos limites da cidade, o precipício do silêncio sente-o no aconchego da sua cama.
O telefone sempre vazio.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mecanismos/In Tensões


“O discurso do amor é, normalmente, um envelope liso colado à Imagem, uma luva macia que rodeia o ser amado” (Roland Barthes). Essa pulsação primitiva, que celebra o movimento dos corpos é o ponto de partida do espectáculo de Joana Providência In-Tensões, cuja coreografia impele ao movimento Amoroso, atópico por excelência: o da perda agónica, da exuberância da espera em volúpia, enfim, da escravidão dos sentidos: o louco de amor. Esta alegoria do desejo em que cada gesto é já palavra e discurso, reveste os corpos de um latejar único, simples, que corta em consciência o discurso frenético do dia a dia, pois mesmo aqui não sublima. É único. “Eis o que eu sou: É o prazer narrativo que (…) enche e atrasa o saber (…) No encontro de amor, salto sem cessar, sou ligeiro” (Ibidem)


Data: 17-10-2009
Horário: 21h30
Local: Teatro Municipal - Vila Do Conde

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Sufrágio às Palavras Parte 2


A qualquer hora e em qualquer local um cardume eufórico, com bandeiras desfraldadas, surgem de todas as esquinas, gritando futuros renovados.
A ver vamos, meus senhores, a ver vamos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ideia Simples


As palavras são meros encargos de consciência