terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sugestão para o Arejo


Bom dia palavras. Estão prontas para voarem nas utopias? Então preparem-se...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Domingo


Ao domingo, a cidade encolhe-se no aconchego do sossego. Pelo menos, de manhã. Porque de tarde, as portas das casas abrem-se e, de lá, saem os esfomeados pela liberdade, os acorrentados à máquina do trabalho. Que durante a semana os ocupam por largar horas, como se o inferno lhes sugasse o sorriso aos poucos. Mas o tempo chuvoso, por vezes, castra-os a anarquia planeada no calendário, que se mostra diariamente na mente de cada indivíduo. E o choro, em forma de rio enfurecido, surge-lhes de imediato nos olhos pisados, por uma dor que lateja nas pálpebras sem cessar.
A segunda-feira acorda-os, com um abanão furioso. Levantam-se, ainda ressacados pela mágoa, e atiram-se à vida, como se atirassem para um abismo fundo. E tudo continua.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Concerto


CONCERTOS PROMENADE O Mestre de Música de Cimarosa

Um dos mais famosos operistas da segunda metade do século XVIII, Cimarosa chegou a ser comparado por Stendhal a Mozart. Domenico Cimarosa nasceu em Aversas, reino de Nápoles, em 17 de dezembro de 1749. Uma infância de orfandade e pobreza fez com que recebesse as primeiras lições de música num convento. Logo foi transferido para o Conservatório Santa Maria di Loreto, em Nápoles, aperfeiçoando-se em violino, canto, órgão e composição. Em 1772, estreou sua primeira ópera: “Le stravaganze del conte” (As extravagâncias do conde), início de uma carreira de sucesso. A fama do seu talento levou-o até à Rússia, onde passou três anos como mestre-capela da corte de Catarina II. Ao regressar de São Petersburgo, permaneceu algum tempo em Viena, onde foi grandemente acolhido por parte da nobreza. Data de então sua obra-prima, “Il matrimonio segreto” (1792; O matrimônio secreto), base da reputação que manteve durante o século XX.

21 de Fevereiro de 2010, 11h30 - Coliseu do Porto

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Confesso


Confesso que a noite não cospe alegrias nem produz sentimentos acolhedores no meu peito descalço de amores taciturnos. Confesso que a noite devia de ser abolida ou transformada em palavras carregadas de luzes, como se o dia as embalasse. Confesso que não gosto de apalpar a noite e de senti-la nos meus sonhos. Confesso que não sinto alegria quando ela me beija as pálpebras e me faz uma carícia no rosto, como um sorriso maligno a percorrer-lhe os sentimentos dos dentes, impregnados pela escuridão como podridão.
Confesso, meus amigos, que a palavra confesso já me enoja, já me atormenta, porque a loucura da inércia já me perdura em demasia!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

‘Assobiar em público’

Este é o nome do livro, do conhecido autor Jacinto Lucas Pires, que foi apresentado recentemente na Biblioteca Municipal de Gondomar. A obra, uma antologia de contos, dá a conhecer textos do escritor recolhidos de outros livros e de revistas ou livros de circulação mais restrita.
O vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Gondomar, Fernando Paulo, acompanhou Jacinto Lucas Pires nesta sessão de apresentação (seguida de uma breve sessão de autógrafos). Admitindo que “é muito mais difícil falar do que escrever”, Jacinto Lucas Pires destacou que “escrever é falar de nós sem falar.” O autor nasceu no Porto, em Julho de 1974. Vive actualmente em Lisboa.
Já publicou livros para/de teatro, ficção e ainda vários textos em publicações e revistas. Filho do advogado e dirigente político Francisco Lucas Pires, a sua carreira passa também pelo cinema, como argumentista, e pela música (sendo membro da banda ‘Os Quais’).
Em Novembro de 2008, Jacinto Lucas Pires foi o vencedor do Prémio Europa, atribuído pela Universidade de Bari e pelo Instituto Camões. Na opinião do vereador Fernando Paulo, Jacinto Lucas Pires é “um dos bons exemplos de uma nova geração de escritores que se tem afirmado em Portugal.”

Movimentos Cuidadosos


Levanto-me. E na verticalidade do gesto intencionado, percorro toda a extensão da sala até ao telefone escuro que toca, em cima da madeira esburacada pelo tempo. O ambiente está embrulhado numa escuridão tépida e amena. “Tou, quem fala?”, do outro lado indefinido, um barulho de tempestade fura o meu ouvido, como um martelo pneumático, mas, em menos de um segundo, uma voz troveja, “Então pá, é o Zé da Tina”, “Oh, grande amigo!”, “Olha, será que posso ir a tua casa? Preciso de falar contigo a sós. Sabes como é, estas estórias das escutas…” Sorrio pelo movimento cuidadoso do Zé. “Sim, claro que podes.”
Pouso o telefone e faço o movimento do caranguejo até me sentar na poltrona de veludo. Acendo um cigarro, numa calma exagerada. Fumo-o, com o olhar preso ao mar arrogante. E de repente uma ideia cuidadosa invade-me as pálpebras, “Será que colocaram algum microfone na roupa dele?”

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Bom Carnaval


A festa carnavalesca surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma.

Sem Sentimento


Os movimentos do amor circularam ontem no ar. E sentia-se esse cheiro em qualquer compartimento, em qualquer nuvem pintada de negro.
Ontem as flores voaram para o regaço brilhante de um ser que estremecia por qualquer lufada menos sentida, menos apaixonada.
Ontem, ao jantar, num restaurante perto da minha porta de saída, que por vezes entro, que por vezes ladeio, encostado ao balcão, acompanhado por um copo vazio, observei as falsidades dos gestos ou o silêncio mais rico. Para tal, ele conversava com o bife e ela com as batatas fritas, com a vela a consumir-se, ali ao pé.
Ontem foi mais um dia que passou, como um dia para o outro, como qualquer outro, sem a intensidade de consolidar uma relação por palavras, afim de o orientar para as margens da ilha chamada felicidade. Ontem foi mais um dia que não houve significado, mais um dia sem sentido porque o amor, nos dias que correm, é apenas sentido como uma tentativa fugaz de prazer, sem sentimento para explorar os caminhos da batalha, sem sentimento para abraçar o sacrifício e a dor.
Todavia, por estas terras, há sempre algumas excepções. Será?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A Máquina de Fazer Espanhóis



Realizou-se ontem, na Biblioteca Almeida Garrett, Porto ...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Uma Vez Mais


As minhas amigas chegam sempre atrasadas. Eu chego sempre adiantada. Mas a minha espera nunca envolve o desespero nem o aborrecimento de as transformar em galdérias, no interior do meu pensamento.
Peço um café ao bonito empregado, que me toca no meu desprendimento à vida, com um leve toque no meu braço. E assim que desaparece do meu olhar, na sua vez, as minhas amigas surgem a borrifar sorrisos, excepto a Rosa do Manel.
“Então meninas, estou a ver que o pincel retocou-vos os rostos”, “A mim não. O carvalho do meu marido engravidou-me. Lá vou eu ter que fazer um novo aborto”, “Ai doida, aproveita para o ter, pelo menos, desta vez”, dissemos em uníssono.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O Impensável Vem Depois De Amanhã


Começo a não entender as palavras, os gritos, a eloquência da tua vida sem sentido: começo a não entender porque rejeitas as ofertas de trabalho que te arranjo, pelo chefe dos empregos.
Nunca lambeste a futilidade nem nunca nadaste nos rendimentos mínimos. Nunca foste um parasita. Mas o dia depois de amanhã traz, por vezes, uma tempestade de espectáculos anedóticos e impensáveis a um ser praticamente colhido pelos anjos.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Evidência


Sente-se o frio da idade na nuca grisalha, desgrenhada pelo tempo.

Amanhã


coloco um pensamento no ecrá do computador, "escrevo como se não houvesse amanhã", e penso.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sugestão para o Arejo


David Fonseca

concerto


Data: 27-02-2010
Horário: 22h00
Local: Teatro Municipal de Vila do Conde

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ler


Simplesmente genial, de um autor de eleição.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Luto


Rosa Lobato Faria morreu ontem, vestida com um cancro horrendo. O país fica mais pobre e o meu coração também.
Levanto-me, depois destas palavras, e choro um rio de saudade.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Dinheiro Não Cresce


As notas não crescem e não se podem rasgar a meio. E o presente está em crise. Muita crise. Mas as ruas estão lotadas de pessoas com sacos nas mãos, carregadas de compras e de sorrisos cobertos de chocolate.
Só de pensar, já estou confuso…

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Quero Ver o Que Não Vejo


Estou sentado numa cadeira trivial, de muito mau gosto. Á minha frente, uma mesa simples, demasiado simples. Mimado pelo desejo de superioridade, uma chávena requintada olha-me dali, recalcando o dorso da pobre mesa.
O barulho no café é sufocante e o fumo do tabaco navega na incerteza do trajecto a percorrer. Existem muitos factores externos que o prendem à contínua insegurança. Ao fundo, uma parede despida pelo carinho da bijutaria.
Tiro-lhe as dimensões, pelo olhar clínico trabalhado ao longo de anos, penso nos materiais que a construíram e fico insatisfeito. Quero mais: quero sentir a verdade do compartimento invisível; quero ter a capacidade de olhar para o mundo que não vejo e vê-lo, como se ainda te visse a beijar-me numa cama coberta de amor.