sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sugestão para o Arejo

Carlos Macedo
Com o seu Fado, atravessa os oceanos e o Tejo, sobre a escala de uma guitarra – ponte construída por suas mãos.Carlos Macedo é sem dúvida um dos grandes fadistas de história e da actualidade que muito tem enriquecido a nossa cultura.Homem dotado de grande sensibilidade, cujo talento o tem destacado pela diferença enquanto: autor, compositor, interprete e construtor do seu próprio instrumento – a Guitarra Portuguesa.Obrigado Carlos por mais um documento marcante - ao fado, a ti e a todos nós!
26 de Maio, quarta-feira, 21h30,
Entrada: 5 eurosM/3
Duração: 90 m
Local: Casa das Artes - Vla Nova de Famalicão

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Era da Técnica


O homem cortou um dedo, numa máquina que lhe dá felicidade e sobrevivência para os buracos negros, que a vida nos oferece e por vezes nos empurra. Não ficou chateado nem magoado pelo acontecimento infeliz, porque aquela peça não interfere em nada no seu trivial quotidiano.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

“Jangada de Pedra”


Por estes dias, a palavra crise é uma obsessão: porque, em qualquer contexto e em qualquer indivíduo, ela deambula nos ventos como facas, sem ter o cuidado de não magoar a cidade. Contudo, para meu espanto, ela é varrida das mentes pelos hábitos de consumo dos Portugueses: sempre muito excessivos nos petiscos.
A este paradoxo, que me ultrapassa a minha compreensão, continua alheio infelizmente uma mão de ferro, como um Adamastor. E devido à falta de um herói, Portugal cada vez mais é uma “jangada de pedra”.

terça-feira, 27 de abril de 2010

As Portas do Infinito


Suponhamos que eu e tu estamos num infinito cheio de portas enegrecidas pela infusão, como se fossem pequenos mistérios a aliciarem-nos como mulheres. Será que a nossa natureza, já moldada a valores sociais, iria desembrulhar todos os presentes ou apenas contentar-se com a intenção individual? É uma pergunta pertinente para os egocentristas, que rejeitam a universalidade nas suas pessoas. Mas a resposta imediata deles namora com o erro de pormenor: somos o somatório de uma cidade, de uma rua, de uma família. E, portanto, somos todos produzidos de uma mesma massa. Embora com resquícios identitários nas nossas mentes.
Assim sendo, e sabendo que o silêncio do mistério obriga-nos a morder-lhe, as portas do infinito, nas nossas mãos, seriam mastigadas pela nossa aflição.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Gonçalo M. Tavares na Biblioteca de Paços


“Não é comum a literatura ter salas cheias”, sublinhou Gonçalo M. Tavares no encontro promovido pelo Ciclo Da Literatura E Artes De Palco, realizado no dia 23, que a autarquia disponibiliza para a comunidade nos meses de Abril, Maio e Junho.
O escritor e professor de Espistemologia na faculdade de Motricidade de Lisboa, vencedor de oito prémios nacionais e internacionais, dos quais se destaca o prémio José Saramago em 2005, pelo livro Jerusalém, perante o auditório repleto da Biblioteca Municipal Professor Vieira Dinis, contou como foi explorar o lado negro da nossa espécie, através da lógica e do paradoxo, ao longo dos quatro livros que compõe a colecção “O Reino”.
Jerusalém, um dos livros dessa tetralogia, e um dos livros mais elogiados dos últimos anos na Europa, como demonstra a sua inclusão nos “1001 livros para ler antes de morrer – um guia cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos”, para o escritor Angolano, é a obra que melhor interpreta as reacções do homem em estados limite.
Houve ainda tempo para uma troca de ideias entre o escritor Gonçalo M. Tavares e o público presente.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sugestão para o Arejo

antes da noite, não perca a tertúlia com o gonçalo m. tavares, hoje, às 21.30, na biblioteca de paços de ferreira. o vencedor do prémio saramago, em 2005, usará o mal das palavras para nos explicar o bem, ou o inverso, ou nada disto...a incógnita do "Reino", ah, e do "Bairro"... APAREÇAM

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Espelho


Estou encolhido sob os lençóis e estremeço quando a voz do trovão me ralha nos defeitos. Fora isso, penso na forma de os triturar com gentileza. Mas a solução é apenas um horizonte com pernas, que corre como que a fugir. E concluo, assim, que a minha identidade nada é diferente da tua. Embora, saiba pelo esconderijo, que tu digas ao vento que a minha verdade é de um louco.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cuidado

Foram os fracos que inventaram a injustiça para mais tarde poderem vender-se na compaixão dos sensíveis.

terça-feira, 20 de abril de 2010

As Prioridades


A noite está muito escura, densa, como que deserta dos amores brilhantes que lhe acariciam o constante; as ruas são apenas silêncios que transbordam nas bermas. Mas os cafés estão cheios de cabeças erguidas para o rectângulo que dá imagens muito mexidas, sobre o manto verde coberto de riscas. Embora, de quando em quando, algumas delas evaporam-se para o interior afim de rezar por uma alegria. Que, por manobra de um mágico, acaba por surgir. E aí, o terramoto é uma lembrança muito ténue.
Por fim, os proprietários dos gritos descansam o corpo nas dívidas, perto da aflição quase surda das companheiras e no quarto ao lado dos filhos sem comida no estômago. Mas o problema é visto pela cegueira das imagens esverdeadas.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Gonçalo M. Tavares


Recebeu os mais importantes Prémios em Língua portuguesa: o Portugal Telecom 2007; o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004 com o romance - "Jerusalém" (Caminho); o Prémio Branquinho da Fonseca da Fundação Calouste Gulbenkian e do Jornal Expresso, com o livro O Senhor Valéry (Caminho); o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com Investigações.Novalis (Difel) e o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores "Camilo Castelo Branco" com água, cão, cavalo, cabeça (Caminho).
Os seus livros deram origem a peças de teatro, objectos artísticos, vídeos de arte, ópera, etc. Tem 21 livros a serem traduzidos em mais de dezasseis países.


6 feira, às 21.30, na biblioteca de Paços de Ferreira________Apareçam

O Passeio do Ouro


Aos fins-de-semana as modelas com gordura mexem as vestes brilhantes, pagas pelo ouro derretido, como se o líquido amarelado fosse idêntico ao líquido do trabalho. Ao lado, no mesmo ritmo, cães baloiçam a satisfação por derreter a testosterona na companhia das arábias. Mas deslumbra-se, aqui e ali, uma perfeição junto da perfeição. Embora, nestes casos, as vestes são apenas fios que guardam o pudor de uma intimidade.
Assim, na companhia dos silêncios, as gaivotas ou todos os navegadores dos ares vêm no quadriculado da cidade o amor falso a passear o ouro.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sugestão para o Arejo


José Pedro Gomes, depois do espectáculo «Coçar OndeÉ Preciso», continua a tentar perceber o que faz de nós um povo tão especial. Realmente, que nos leva a conseguir fazer coisas que mais ninguém faz? O que nos faz sermos melhores ou piores do que os outros? O que é que nos faria ser muito melhores? Quais são as pequenas arestas a limar para ficarmos perfeitos? São nos pormenores que nos distinguem dos outros povos que José Pedro Gomes se volta a debruçar, numa encenação de António Feio, com textos de Eduardo Madeira, Filipe Homem Fonseca, Henrique Dias, Luísa Costa Gomes, Marco Horácio, Nilton, Nuno Artur Silva, Nuno Markl


21 e 22 de Maio, sexta e Sábado, 21h30, Casa das Artes - Vila Nova de Famalicão
Entrada: 12 euros
M/12Duração: 90 m

quinta-feira, 15 de abril de 2010

As intermitências normais


Quando o tempo vazio surge, lá pós lados do longe a longe, penso que as nossas forças brutas da juventude se esbatem quase até ao desaparecimento, assim que uma dor nos lembra que somos mortais. Aí, a conviver com os moribundos dos filmes ou dos livros, as palavras são desferidas com amor. Porém, elas transformam-se em ódio demente quando o vento de Suão traz o calor que cheira a morte.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Onde estás?


As feiras dos livros do Porto e de Lisboa, as maiores do País iletrado, estão a dois passos de mordiscarem os vivos com novidades e lixos escondidos nos armazéns apinhados. Mas será que os livros de sabor a morango estarão na primeira prateleira? Ou estarão escondidos no bolso dos livreiros – e que apenas sairão desse aconchego caso haja um indivíduo de óculos no nariz, muito ébrio à qualidade, a pedir “algo esquisito”?!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Tu não existes


A maioria das pessoas não diz o que pensa. Talvez se sintam retraídas por medos que não consigo definir nem demonstrar. Ou talvez o conjunto que vive no mundo não se sinta preparado para a verdade. Ou por algo que me ultrapassa.
Mas por entre as possibilidades, talvez a mentira seja aquela que me aconchega mais a visão e o coração. Pelo motivo que as verdades imaculadas apenas se encontram nos livros…

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Esse é o problema


As ruas enchem-se de anónimos agarrados a tudo; até mesmo agarrados a outros anónimos: que apenas conhecem o nome, a idade e a residência. Tudo isto, quando muito: porque a importância de um corpo é o próprio corpo. Nada mais.
Mas pensar ou achar que o mundo é fútil da cabeça aos pés não é reduzir os pés aos mesmos sapatos, em tudo que o compõe? Talvez haja um exagero muito desproporcional à afirmação. Reconheço que a estudei pouco, reconheço que a intuição do senso comum me leva a cometer este descuido. Porém, também reconheço que ainda não senti outro cheiro.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sugestão para o Arejo


GRIZZLY BEAR

E eis que chegam finalmente a Portugal para alegria dos já muitos seguidores que ansiosamente aguardam vê-los, mas sobretudo ouvi-los, ao Vivo. Detentores de um dos álbuns do ano, aclamados pela crítica internacional, Melhor Álbum de 2009 para a rádio Radar, e com o single “Two Weeks” na campanha de uma conhecida marca automóvel. Dias 26 e 27 de Maio, também o público português poderá ser parte dos concertos intimistas que nos remetem para um mundo mágico, o mundo dos Grizzly Bear, onde com um extraordinário encadeamento de vozes celestes surgem diferentes enquadramentos a cada segundo.


Coliseu do Porto

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Nunca é tarde para amar um conhecimento


E por fim o mundo termina na idade da reforma, uma vez que os indivíduos ficam silenciosos e presos ao “desactualizado”, como dizem os infantis carregados de espinhas bem amarelas, encarrapitados numa importância de principiante. Por isso, para eles, a morte é apenas o último passo que poderão dar em vida.
Nada tão ridículo este sentimento, este abraço a uma verdade que nada nas águas na mentira. Porque mesmo o último dia é o início de um conhecimento até aí misterioso, até aí ocultado pelos nossos passos presos a um caminho sempre distante dessa surpresa.
Eu, tu, e todos os distantes das palavras, não nos podemos esquecer que a cada esquina uma rosa de beijos lambe-nos os rostos com novidades. E é com elas que os nossos olhos devem sorrir e o nosso corpo deve repousar. Tudo o resto será amar a infelicidade até que a morte nos leve a última lágrima.

terça-feira, 6 de abril de 2010

É tudo uma questão da noite


A noite agora começa a nascer, com grande sentido de maturidade. Mas os gritos dos vampiros já se ouvem a mordiscar os pescoços dos vivos. Porque a vontade de nascer para o tempo é mais forte do que morrer para o nada.
E as estrelas moribundas usurpam a verdade da rua, sem os bocejos do cansaço habitual de outros…

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Dia Um


O dia de Natal, Páscoa, S.Valentim...são sedes de momento. O dia de hoje são flagelos constantes.