segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sem Sentimento


Os movimentos do amor circularam ontem no ar. E sentia-se esse cheiro em qualquer compartimento, em qualquer nuvem pintada de negro.
Ontem as flores voaram para o regaço brilhante de um ser que estremecia por qualquer lufada menos sentida, menos apaixonada.
Ontem, ao jantar, num restaurante perto da minha porta de saída, que por vezes entro, que por vezes ladeio, encostado ao balcão, acompanhado por um copo vazio, observei as falsidades dos gestos ou o silêncio mais rico. Para tal, ele conversava com o bife e ela com as batatas fritas, com a vela a consumir-se, ali ao pé.
Ontem foi mais um dia que passou, como um dia para o outro, como qualquer outro, sem a intensidade de consolidar uma relação por palavras, afim de o orientar para as margens da ilha chamada felicidade. Ontem foi mais um dia que não houve significado, mais um dia sem sentido porque o amor, nos dias que correm, é apenas sentido como uma tentativa fugaz de prazer, sem sentimento para explorar os caminhos da batalha, sem sentimento para abraçar o sacrifício e a dor.
Todavia, por estas terras, há sempre algumas excepções. Será?

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