segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Quero Ver o Que Não Vejo


Estou sentado numa cadeira trivial, de muito mau gosto. Á minha frente, uma mesa simples, demasiado simples. Mimado pelo desejo de superioridade, uma chávena requintada olha-me dali, recalcando o dorso da pobre mesa.
O barulho no café é sufocante e o fumo do tabaco navega na incerteza do trajecto a percorrer. Existem muitos factores externos que o prendem à contínua insegurança. Ao fundo, uma parede despida pelo carinho da bijutaria.
Tiro-lhe as dimensões, pelo olhar clínico trabalhado ao longo de anos, penso nos materiais que a construíram e fico insatisfeito. Quero mais: quero sentir a verdade do compartimento invisível; quero ter a capacidade de olhar para o mundo que não vejo e vê-lo, como se ainda te visse a beijar-me numa cama coberta de amor.

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