terça-feira, 7 de agosto de 2012

MENTIRA

Abro a janela e vejo a noite a brincar com as cabeças dos montes. O frio, no entanto, obriga-me a fechar o meu domínio. É então que ouço os gritos dos vizinhos: “Tens de confiar em mim, amor”, “És uma cadela mentirosa. Não dá para confiar em ti”, “Tens de confiar”, “Não tenho nada”, “Tens!”, “Merda. Não me fodas a cabeça, cadela”, “Eu não te menti. Acredita em mim”, “O meu cunhado disse-me que te viu no cinema e tu a mim disseste-me que ias ao cabeleireiro. Como queres que acredite em ti?”, “Tens razão, tens razão, mas eu não te menti”, e o choro apaga o argumento.

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