quarta-feira, 8 de junho de 2011

RAIVA VERMELHA


O sol e o azul celeste dançam uma valsa harmoniosa, enquanto a tarde mastiga os corpos dos transeuntes como se os chicoteasse. Ao fundo, a montanha espreita para o campo de futebol, onde se joga uma final, “Corre, corre, corre…Raio que te parta, meu, passa a bola”, “Tem calma, Zé das Canecas”, abraço-lhe o coiro suado, “Aqueles gajos, aqueles gajos…”, e coloca o rádio sobre o ouvido da esquerda, da mesma forma que abraça a Maria nas noites frias, “Temos que ser campeões, porra. Não admito perder contra os rivais!”, inesperadamente os rivais marcam um golo, “Grandes cabrões! Não pode ser, não pode ser…”, “Ó Canecas, ainda falta vinte minutos. Vais ver que eles ainda vão empatar”, “Não pode ser, não pode ser…”, e os olhos do bom homem vertem uma raiva vermelha.

1 comentário:

  1. Que forte isso! Gostei! Parabéns pelo espaço, de muito bom gosto e talento, claro! Gr. Bj.

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