quinta-feira, 9 de junho de 2011

A EXPLICAÇÃO DO SONHO


Com os olhos a mordiscar o cansaço, agarro na partícula do kline e colo-a na base. Aos poucos e poucos a união dos quase nadas formam uma moradia à escala das formigas, que os meus dedos mindinhos esmagam o aconchego do amanhã, “A legenda não define este espaço…”, “É uma garagem. Não vês a planta do carro?”, pergunto ao incauto, que é um dos ignorantes das nuvens, “Desculpa a pergunta. Quem não sabe é como quem não vê. Não é?”, agarro-me ao infinito e alargo o olhar, “Para os filósofos dos espaços, o fim não é o céu”, “Mas como eu sou da terra, as minhas perguntas são epidérmicas. Desculpa!”, “Não tens nada que pedir desculpa”, amarroto-lhe o ombro com familiaridade, “O autocarro do sonho já me deixou na paragem da terra. Agora posso explicar-te o projecto”, “Fixe. Chuta”, e as palavras saem-me da boca como se fossem tempestades.

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