quarta-feira, 10 de novembro de 2010

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Kenneth Trachtenberg, o narrador de Morrem mais de Mágoa, é um especialista em literatura russa que abandona Paris, a sua cidade natal, para ir ao encontro do tio.

Morrem mais de Mágoa tem o humor ágil da farsa francesa, mas são inseparáveis do seu enreedo tragicómico as análises engenhosas do autor sobre a vida moderna e o dilema de dois homens, cujos espíritos brilhantes não os salvam de Benn Crader, um botânico famoso. As muitas facetas da relação entre estas duas personagens inquietantes, irrequietas e excêntricas - ambas procurando no erotismo e num amor calmo, diverso das convulsões sexuais do século XX, resposta para a satisfação que os persegue - são o pretexto de uma narrativa cheia de humor e inteligência e sabedoria. Por que será que, quando surgem os problemas, as pessoas procuram em primeiro lugar o remédio sexual? Por que será que as pessoas inteligentes e dotadas se encontram invariavelmente atoladas numa miserável vida particular? Por que será que os sobredotados, os intuitivos, os que são capazes de ler no livro dos mistérios da Natureza, hão-de ser tão incautos e tolos?

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