sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Escrita


Quando a noite atira o silêncio para o burgo, as minhas mãos tocam nas teclas do computador, como se namorassem os lábios de uma ideia. E nesse mesmo momento, rasgo o teclado com frases, até me perder na floresta dos sonhos. Mas quando a maresia rompe com a lucidez, bocejo um cansaço muito comprido e desapareço.
Os cacarejos de uma bola de penas abanam-me como loucas, assim que a aurora pinta o negrume com alegria. Ergo os olhos estremunhados, pela insistência tão desengonçada, e direcciona-os instintivamente para o ecrã. Aí, com os beiços acabrunhados, as palavras esperam-me taciturnas. Leio-as devagarinho, mas na primeira pausa, “Porra, isto não está nada bem”, atiro o desespero.

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