segunda-feira, 26 de novembro de 2012

HOMEM

A mão arrasta as migalhas para o chão. Por isso a mesa é o céu sem nuvens, é o mar sem ondas. O dono dessa proeza é o Jaquim, homem gordo, pálido, que olha para as coisas como se visse a morte estendida ao sol. Há quem lhe mostre que a vida é mais do que isso; que a vida também é feita de outras coisas. Mas o olhar do homem é persistente e a mente inviolável. Há quem lhe diga que a vida é para se viver, como fazem as crianças no recreio da escola. Há quem o abane e o faça engolir a comédia. Ou o divertimento. Mas os olhos do homem, do homem que perdeu os beijos da mulher, apenas querem reencontrá-la junto a um miradouro, onde se vê o mundo em minúsculo.

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