segunda-feira, 3 de setembro de 2012

FIM

Na praia, onde as crianças pedem gelados aos pais adormecidos, estico pela última vez a toalha. Para o ano haverá mais bronzeador e mais brincadeira; haverá mais batota e mais conversa com os peixes que fogem das minhas mãos; haverá mais lanches ao pé do crepúsculo. Vou até ao mar. A água está fria, como qualquer praia do norte, mas deixo que as pernas massagem as costas das ondas e pontapeiam os braços das algas. Por fim obrigo-as a voltar para o aconchego do tecido, que tem estampado no rosto os contornos da minha amada. E vejo, ao longe, um barco à vela. É então que me lembro do sonho, sonhado no dia de ontem: “Como era bom ter uma máquina do tempo!”, mas sei que isso não é possível, que isso só se tem na ficção. Fico um pouco irritado, enquanto arrumo as minhas coisas. A noite aproxima-se.

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