quinta-feira, 3 de maio de 2012

BORBOLETA SEM ASAS

Chove com abundância. Há semanas que é assim. As nuvens, carregadas de negrume, influenciam os rostos dos transeuntes, porque a primavera dá lugar à tristeza. O meu, envelhecido e cansado, está no mesmo trilho, está enfeitado com a mesma massa. Pouso o corpo num café e olho para o vidro que enfeita a entrada. Por detrás dessa parede vejo a cidade a contar os tostões. Alguns carros, pertencentes a magnatas sem respeito pela cultura, informam-me que o capitalismo é um patrão que vigia sempre os empregados. Indago os esfomeados e descubro que os sorrisos foram decapitados e que a esperança é uma borboleta sem asas.

Sem comentários:

Enviar um comentário