quarta-feira, 6 de julho de 2011

VULCÃO CHATEADO


O grito dos loucos toca com insistência. Parece que o vírus da persistência derrubou a paciência das mãos, “Já vou”, coço a nuca e a barba. A madrugada ainda está nos meus ossos, “Quem é?”, “É o carteiro”, agarro na maçaneta e puxo o monstro, “Assine aqui”, faço uns gatafunhos num papel dobrado e agarro no rectângulo, “Adeus”, pisco-lhe o olho esquerdo e fecho o conforto às intempéries. Quase no mesmo instante, faço coisas malucas com os braços e bocejo longamente, caminhando até à cozinha. E quando me sento na cadeira de ferro, abro o secretismo, “Por causa de factores alheios à empresa, o seu condomínio será agravado nos próximos meses”, blá, blá, blá e mais blá, blá, blá, “Trabalhamos para o servir”, depois da frase surge apenas silêncio, “Tratantes!”, esbofeteio a mesa, “Na próxima reunião vou atirar-lhes com o chicote”, e bocejo como o vulcão chateado.

Sem comentários:

Enviar um comentário