terça-feira, 14 de junho de 2011

AMANTES FELIZES


A noite evapora-se da camada do infinito. Para o seu lugar surge o fogo, que irradia luminosidade intensa para a bola mentirosa. A este gesto de camaleão, os transeuntes viram-lhes a ignorância e o desprezo, como se vincassem o silêncio dos inocentes, “És o meu amor. Faço tudo por ti”, e o casal coloca os lábios no paraíso, salivando longas ternuras. No fim do beijo, os corpos seguem veredas diferentes. Junto à pastelaria do Aureliano, o corpo da mulher agarra-se a um homem e beija-o, “És o meu amor. Faço tudo por ti”, “Esse cd já está riscado”, “Amo-te, acredita”, “Ó mulher, tu vais casar daqui a alguns meses! Não achas que…”, “Cala-te, tenho que aproveitar a ave que há em mim”, “E o…”, “Ele também faz o mesmo”, e beijam-se como amantes felizes.

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