terça-feira, 24 de maio de 2011

Em simultâneo


Coloco a preguiça na areia e ouço o murmurinho das águas, que abraçam a alvorada com familiaridade, “Que colchão macio!”, e respiro como um caçador de paraísos. Subitamente, ao pé da montanha, dois monstros invadem a coluna de oliveiras, “Temos que o abater, pá. O gajo meteu o nariz na porta errada”, “Tens razão, a missão está em risco”, atira o franzino para o brutamontes. No céu, uma nuvem pardacenta engole um avião, “Mas quem fará o serviço?”, “Vou pedir ao homem sem rosto. Parece que o indivíduo resolve todos os problemas da malta”, e o franzino rasga o corpo com tantos sorrisos. No céu, uma nuvem gigante agarra nos sapatos da outra.

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