terça-feira, 19 de abril de 2011

Sob a chuva



Estaciono o carro e desligo o motor cansado. Visto depois o casaco de linho e coloco a verticalidade na chuva, como quem coloca a roupa a lavar, "Quem abriu as portas?", murmuro com veemência. Mas antes de chegar ao alpendre que faz sorrir, vejo uma mulher aos gritos, "Acudam-me, acudam-me, levaram-me o rolo!", "O rolo?". A magote, de dentes afiados, salta dos esconderijos e corre até à causa dos bramidos, "Quem?", "Onde?", as perguntas abafam a praça, "Mas quem?", "Mas onde?", "Na puta que vos pariu. Deixem-me", e todos desaparecem.

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