segunda-feira, 7 de março de 2011

O anjo


Tenho o meu desassossego a passear na marginal, que namora constantemente com as ondas do mar. Pouco depois, um pequeno promontório exige-me que suba até à ponta do seu nariz, onde o vento dança uma valsa trágica, “Que paisagem!”, murmuro, quando as cabeças dos prédios piscam-me com suavidade, “Não há nada mais bonito!”, acrescento, “Não há nada mais falso”, sopra-me uma voz. Encarquilho a aflição e indago a pequena praça, “Porque as imagens não mostram o lado negro”, e descubro um caquéctico a mamar um cigarro, “Nunca devemos navegar nas primeiras impressões. Deixa o tempo mostrar-te as imperfeições”, e desaparece.

4 comentários:

  1. :)
    'e bom desembarcar em portos destes,
    inesperados, desconhecidos, desligados dos nossos universos relacionais :)
    e' como se dados aleatorios deste virtual caderno de prosas se abrissem ... mostrando paginas, textos, blogs
    ... onde as primeiras impressoes nos fazem piscar os olhos num facil sorrir...

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  2. as palavras são ferramentas de felicidade, maria ;)

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  3. Felicidade...
    Doce palavra que ilude.
    Significado premente à beira do precipício. Esse mesmo, o da vida! Precipício que diariamente calcorreamos seguros da nossa ilusão.
    Eu sou feliz!... Especialmente hoje, que passei por aqui.
    E louvo o trabalho de alguém que faz das suas palavras Ilusão...
    Parabéns Sílvio.

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  4. Obrigado, PaMpYnHaS. As tuas palavras são muito simpáticas.
    Devo tudo aos dedos. São eles que me orientam a desbravar a sepultura das palavras

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