quarta-feira, 9 de março de 2011

Grito


Coloco as pernas no passeio e movo-as até à praça da tristeza, onde os guardiões do azedume não falam. Mas antes de empurrar a fronteira, que pesa toneladas, uma felicidade estaciona o contentamento à minha frente, "Sacode o coração", "Não tenho forças, cara amiga", suspira uma pequena ironia, "Só não temos forças para o que não queremos", "É verdade", "Então...?", sorrio com dificuldade, "Vamos, anima-te. A porta do paraíso fica ao virar da esquina", mas alargo-a com exagero, "E quando a penetrares, grita ao mundo que ninguém deve viver aqui", "Assim farei", viro as ancas e desço as escadas.

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