segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O peixe


Junto ao farol, vejo os peixes a morrerem nas canas dos pescadores, que borrifam impropérios para a maresia – como se fossem gritos de felicidade – e vejo as reminiscências do castelo nas pedras amontoadas com elegância, enquanto que as ondas me varrem os pensamentos sem sustento, provocando um bulício ensurdecedor sobre as rochas deselegantes. Subitamente, por entre o inferno das águas do rio e do mar, um peixe pardacento atira-se aos meus pés. Encorrilho o medo, “Não fujas, humano”, e arregalo a admiração, “Não morras na praia, porque tu mereces o céu”, e morre nas mãos de um bojudo, “Este é dos gordos, malta”.

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