segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O novo dia


Lá fora, a noite boceja um dia mal dormido, assustando os pontinhos brancos que saltitam os seus desassossegos para os tanques com trevas, situadas na vastidão do infinito.
Aqui dentro, a velha mesa alegra-se copiosamente assim que os nossos olhos rasgam as saudades com sorrisos. Foram três semanas de afastamento, foram três semanas em que os nossos cheiros não se misturavam nos arrotos dos problemas, nos gáudios deselegantes, ou em qualquer outra forma de contacto; foram três semanas, três longas semanas que não agarramos no dicionário e escolhemos palavras com sentido (como se eu apenas tivesse navegado nesses dias num vazio sem nome e sem rosto, muito à semelhança dos bichos da praia que namoram impropérios para o nu). Todavia, o vento suão cravou-se-me no corpo e levou com ele as porcarias do quotidiano, quando o beijo da velha mesa me abriu a janela do novo dia.

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