sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Quando achamos que sabemos


Com impropérios para o ar e com cuspidelas para o chão de areia, minado por grandes crateras, o futebol arrota golos para a noite, que está despida de fantasmas.
Na bancada de madeira, os homens taciturnos olham os movimentos dos jogadores, bramindo um gemido surdo com algum lance mais perigoso, enquanto que as mulheres gritam uns agudos arrepiantes, por tudo e por nada, com bebés nos braços a dormirem um sossego. Coloco lenços de papel nos pobres dos meus ouvidos para não os ouvirem, em fugacidades desmedidas, e sorrio de prazer quando o silêncio beija-me a paz. E é com ele a seguir o meu olhar que, do lado oposto, um tipo vestido de preto corre como um maluco, fugindo dos paus da magote e das suas palavras, “Anda cá, ó gatuno”.

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