segunda-feira, 19 de julho de 2010

O churrasco com Portugas


Quando o calor aperta o domingo em horas que os olhos estão abertos, o parque de lazer defronte dos meus olhos, que estão a dois pisos de altura do pavimento asfáltico, descose a solidão acumulada durante a semana com os gemidos histéricos dos da cidade. Ladeados pelas brumas do churrasco, que saltam dos fogareiros com carne para regimentos esfomeados, os toncos nus passeiam a volúpia da gordura pelas ervas secas. Muitos deles, mesmo a esta distância, lançam cheiros pestilentos que se sobrepõem aos da comida aos da comida e me magoam a sensibilidade do nariz. Arrepio-me à brutalidade dos descuidos para, no momento seguinte, lançar-lhes salivas surdas, cobertas de impropérios. E depois fujo para um país mais limpo.

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