
“Prefiro passar fome do que não vestir uma roupa eloquente, porque ao estômago ninguém o vê”, uma coquete de meia-idade, em pleno passeio da cidade, conversa com uma divorciada de rabo a farejar uma alma penada, “Oh filha, fazes muito bem. Se queres ter amigos, não tens outra alternativa”, “Com licença”, interrompo-as. Um pouco chateadas, a olharem-me de soslaio, alargam a distância dos cochichos. Passo por entre elas e afasto-me, “Olha que tipo mal vestido! Que falta de gosto!”, mas ainda as ouço a dizerem que não tenho amigos.
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