terça-feira, 25 de maio de 2010

Sei que me acompanhas


Ouço música que as trevas encharcaram de morte os seus criadores. E arrepio-me por os ver numa cama de pregos, por entre as brumas do sonho, a chuparem por uma palhinha os nervos de um vivo. Arrepio-me pelo terror, fechando os olhos com vivacidade. Pouco depois, quando o silêncio é imaculado, liberto-os da cegueira por um simples gesto. Mas arrependo-me de o ter feito no momento seguinte, porque a imagem do meu avó surge-me aos olhos, obrigando-me a recordar que hoje faz quatro anos que ele desapareceu, depois de um espasmo de frio.

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