sexta-feira, 17 de agosto de 2012

DE TARDE

Saio de casa. Estou farto de a sentir no corpo. Ao pé da câmara pouso o cansaço num banco de pedra e ouço os velhos a discutir. Parecem metralhadoras a disparar. Para não sentir os chumbos no âmago, fujo. Corro como os pássaros que tentam fugir do inverno. De súbito ouço um barulho rouco. Investigo a vizinhança e, ao longe, vejo motas aos pulos. Aproximo-me, “Vai, vai, vai carago”, “Ena, aquele é bom!”, e o silêncio volta à pista quando elas desaparecem na curva. Pouco depois, os motores voltam e as vozes acompanham-nas. Sorrio, adoro ouvir os gritos do povo.

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