quinta-feira, 5 de julho de 2012

PRAÇA

E paramos na Praça dos Leões, onde o silêncio barra a solidão e as teias da aranha afogam o busto do patriota, que descansa num dos topos do paralelepípedo boleado. Ao pé dele, as tábuas dos bancos namoram com as rosas vermelhas. Os espinhos, compridos e largos, estão deitados no jardim mal cuidado. A rodeá-los estão as fachadas das casas. São paredes simples, repletas de janelas e de portas taciturnas, com flores de pedra a salpicar os contornos das aberturas. Dentro delas é provável que haja palavras irritadas, gestos desesperados, amores-perfeitos. Ou nada. Ou quase nada. Ou espaços despidos dos aconchegos das rendas, dos mimos dos móveis, dos sussurros dos passos. Dentro delas tudo é provável, tudo é previsível.

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