quarta-feira, 30 de maio de 2012

PASSADO

Saio de casa e deslizo nos corredores de alcatrão. Não há muito movimento. Quando chego à terra da minha juventude paro o carro e ligo a memória. As traquinices e os suspiros, os pássaros e os coelhos, os avós e as tias, os filmes e o futebol, são imagens que dizem às lágrimas para me cegar. Limpo a escuridão e olho para o passado: a casa continua igual; o jardim continua a trepar pelas paredes; as portas e as janelas continuam entreabertas, como se os medos da rua fossem convidados a entrar. Apenas o musgo das telhas cria no objecto a passagem do tempo. Olho para o retrovisor e vejo que o musgo também se apoderou de mim.

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