quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

ALGAZARRA


Perto da igreja, as vozes apoderam-se do silêncio como se fossem guerreiros. O Presidente de Junta, homem de barbas brancas e de barriga proeminente, encosta-se ao muro e ergue as mãos até ao cabelo aflito. Parece uma ave em cima do crude. Mas o sinal do almoço, que soou vagarosamente das fábricas, varre a algazarra e traz o silêncio. A suspirar de alívio, o sujeito sacode o casaco e apanha as queixas que pintam o passeio de outra cor, “Se eu sabia o que sei hoje, não me tinha candidatado!”, e empurra-se para a tasca do Zé, onde novas facas estão à sua espera.

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