quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

TASCA


A noite desce e crava-se ma cidade. O murmúrio dos homens, lentamente, engrossa o silêncio. As aves fecham-se nas árvores e repousam o cansaço, enquanto os olhos dos candeeiros incendeiam as ruas e as praças. Desço a rua, assobiando. Antes que o passeio ladeie dois edifícios esquisitos, entro numa tasca. Sento-me e peço meio frango com arroz. Como demora, leio um livro do Al Berto, “O senhor já leu o Kafka”, afasto os olhos das palavras e olho para um velho muito velho que me chupa a concentração, “Tem certeza?”, “Tenho”, “Gosta?”, “Nunca li, mas quero lê-lo”, “Amanhã empresto-lhe a Metamorfose”, “Agradecido”, e bebe o vinho pela garrafa.

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