quinta-feira, 15 de setembro de 2011

ALDEIA


Do planalto vejo alguns tiros a passear nos lombos das estradas, que serpenteiam a aldeia com flor. Desço a corcunda da montanha e abro as portas do desconhecido, “Ó migo, precisa de ajuda?”, desprendo o olhar das fachadas manuelinas e procuro a origem do bulício, “Se andar até ali, vai ter à igreja; se virar aqui, irá encontrar a praia fluvial”, e o braço direito do velhinho abana o sossego, como se imitasse as asas dos polícias, “Obrigado pela informação, senhor. Boa tarde”, “Boa tarde”, cumprimento-lhe as mãos com estórias e movo-me para a igreja. Aí, onde as sombras são pessoas, porque as estátuas são deuses, não vejo nenhuma alma, não vejo nenhum animal. Acho que os autóctones estão a cantar as janeiras numa toca qualquer, pois o sol coze a paciência.

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