segunda-feira, 11 de julho de 2011

A INVEJA A MOER OS OSSOS


“Do nevoeiro surge o Rei D. Sebastião, como se o tsunami rasgasse as fronteiras do medo”, “Espera, não avences, meu”, “Porquê?”, “Não é o Rei D. Sebastião”, “Então?”, “É o Rei da Solidão”, coloco as lunetas e vejo minuciosamente os fundos, “Tens razão”, pouco depois confirmo o meu engano. Mas sem lhe dar muita importância, continuo com a gritaria, “Do nevoeiro surge o Rei da Solidão, como se o tsunami rasgasse as fronteiras do medo. Ao pé da donzela com lágrimas, que bebe água na fonte da tristeza, puxa as crinas do Mustang. Quase no mesmo instante, a locomotiva descontrolada estanca a fúria, “Não chores princesa com dentes de ouro, porque os raios do amor estão nos meus olhos”, “Ó voz que encanta, és o único homem que me compreende”, “E beijam-se até aos últimos bocejos”, “Isso já não sei. Só relato o que vejo”, “Vamos pensar que sim”, e sentimos uma grande inveja a moer os ossos dos cotovelos.

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