segunda-feira, 20 de junho de 2011

UM GESTO


A areia olha para a montanha de água, que engole o céu na linha do infinito. Ao pé das aves, que baloiçam os corpos no centro do mundo, salta uma baleia com olhos enormes, “Parece um gigante, pai”, atira com espanto o juvenil sem barba, “É maior do que um autocarro”, o miúdo, com os olhos muito largos, abraça afincadamente o mistério, “Gostavas de…”, “Sim, pai. Seria fantástico”, o velho sorri, sacudindo o nariz achatado, “Vou alugar um barco. Venho já”, e desaparece, “A baleia!”, grita como as sereias, com lágrimas no canto da emoção.

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