
SEIS PASSEIOS NOS BOSQUES DA FICÇÃO - UMBERTO ECO - O que é substancialmente mágico na ficção é quando a
mesma se esbarra, transpassa a realidade... e além de tentar
representá-la, acaba sendo em si - a
realidade... O que é a
ficção? Será a obra de ficção, ficção? Ou será a obra de ficção uma
realidade ainda não vivida? Ou uma realidade - ainda que só tenha
acontecido no intrínseco do autor? Ou será uma realidade para o próprio
leitor, quando este se apropria da obra e passa a encontrar na ficção
elos com sua realidade individual? Existe obra de ficção? Ou toda
ficção é puramente a transcrição de uma realidade comum a todos os
humanos? Será toda ficção real? Há limites entre a ficção e a
realidade? Ou será a ficção realidade? Se a ficção for tão real
quanto acreditamos quando compenetrados na leitura de un livro... por
que não tentar viver nossa realidade como se esta fosse uma obra de
ficção? E se a realidade também nos parece tão fictícia as vezes... por
que não viver a ficção dos livros em nossa realidade? Qual leitor
é que não sente em si quando Franz Kafka, começa a descrever os
tormentos pelo qual o seu personagem de A Metamorfose passa ao se
transformar num inseto? Esse é o momento encantado onde ficção e
realidade se encontram... como não sentir as inquietações do
homem-inseto? Daí, o questionamento: realidade e ficção, serão
necessariamente dois lados de uma mesma moeda? Impossível uma sem a
outra? Que relação de interdependência há entre ambas? A história
de Chapeuzinho Vermelho, por exemplo... que leitor contesta as
aparentes discrepâncias com a realidade? Lobo mau, menina sozinha... a
mãe que sabe que a floresta é perigosa e permite que a filha vá por
entre ela mesmo assim... quando lemos a história e não questionamos
esses detalhes... estamos ou não deixando que a ficção se integre a
nossa realidade? De que maneira a ficção se intromete em nossa vida?
Seja na literatura, seja no cinema? Como lidamos com essas intrusões?
Por que temos essa necessidade quase que inata de ler ficção? De
apreender o que nos escapa ao real? Por que fantasiamos? Será mais um
caminho da busca pelo sentido da existência?
Li recentemente um livro deste autor, mas não foi de meu agrado.
ResponderEliminarO livro foi "O pendulo de foucault".
Mas tenho para ler "o nome da Rosa". Espero gostar