quinta-feira, 17 de março de 2011

Sentimentos


Sinto que as minhas mãos não arrefecem os nervos do decrépito, que chora e esbraceja a morte da companheira, "Tenha calma, homem. Agarra-se à vida", "Mas ela morreu", "Deus vai tratar dela com carinho", e chora como um desalmado, "Ela morreu, mas está viva", encarquilho os vincos da testa e sacudo a incompreensão, "Tenha calma, tenha calma", "Ela não gosta de mim; ela não me liga...", "Ah, então é isso!", e sorrio, "Tenha calma, homem. As dores de amor são duras, mas há pessoas que não as merecem", assoa o nariz ao lenço amarelado, "Acha?", "Se não lhe liga, acho. Quem gosta, procura", "Tem razão", iça a tristeza e indaga a felicidade.

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