terça-feira, 15 de março de 2011

Poder


A aragem empurra a porta envelhecida contra a parede sem cimento, ao mesmo tempo que a noite me lança os braços peganhentos. E quando eles me acariciam o pijama, salto para o desconhecido, como se voasse para outra margem, "Aproxima-te", e caio numa praça em terra batida. Iço o desconsolo e limpo o fraque, "A tua cidade está cheia de fogo!", indago o espaço, mas nada encontro, "Não percebo", "As pessoas não são simples, porque todos querem a cadeira do poder", "Sim, é verdade", "Cala-te, sua cobra sem cérebro", mastigo uma aflição, "Diz à tua cidade que a amizade e o amor são o vento da felicidade. Caso não o faças, levarei a tempestade à podridão", "Fique descansado, senhor", e desapareço.

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