quarta-feira, 14 de julho de 2010

Como ódios


Aos domingos, durante a tarde, passo pela praça coberta de árvores e de pessoas sentadas na sombra de pedra, a conversarem muito alto as fofoquices das ruas.
Por vezes, quando menos espero, eles encostam-se no silêncio para contemplar um pensamento uníssono, que surge subitamente do nada. Estão assim durante momentos incontáveis, até que por fim todos inspiram a mesma vontade. E quando ela transborda dos ossos, surge o escarro amarelo para o chão, desferido pelo expiro do alívio. Que muitas vezes, levadas pelas lufadas do diabo, me pintam os sapatos de verniz.
Ainda lhes encarquilho impropérios cáusticos, com palavras grossas, mas as suas gargalhadas jocosas ao meu corpo obriga-me a comer ódios.

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