quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Teu Cheiro


O quarto está escuro, como se a noite dos fantasmas controlassem constantemente a atmosfera que envolve os meus gestos, porque existe um fio de luz do candeeiro que escorre para o livro que seguro com a mão, junto ao meu regaço. Ao pé, uma pequena credencia centenária está banhada por sombras fortes, adulterando-lhe as formas torneadas. Mas, mesmo assim, ainda é possível deslumbrar-se o pano cheio de rendas que mima o tampo. Por cima do pano, o telefone. E dele, silêncio como o teu; como o teu silêncio imaculado e persistente.
Abandono o livro para um canto do chão e levanto-me. Dou meia dúzia de passos e fico defronte para a noite. E ali estás, a passear no quarto de uma estrela, toda sorridente. Acompanho-te na tua felicidade, com as mãos entregues aos bolsos da calça, agarrando a tua fotografia.

2 comentários:

  1. Olá
    Não sabia que tinhas um blogue...E que escrevias tão bem...Parabéns!
    E já agora convido-te a visitares o meu: http://booksandliving.blogspot.com/

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