sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sugestão para o Arejo


Teresa Cardoso de Menezes Soprano

António Rosado Piano

26 de Fevereiro, Sexta-feira, 21h30,

.Entrada: 8 euros

Duração: 70 m


Neste concerto a soprano Teresa Cardoso de Menezes actuará ao lado de um dos grandes pianistas portugueses da actualidade, António Rosado, apresentando em duo Canções de Victor Hugo e Os Sonetos de Petrarca, e a Piano Solo obras dos Années de Pèlerinage, num programa inteiramente dedicado a Liszt, onde o virtuosismo pianístico e o lirismo vocal, darão uma dimensão particularmente especial, do que foi o génio deste compositor.”

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Teu Cheiro


O quarto está escuro, como se a noite dos fantasmas controlassem constantemente a atmosfera que envolve os meus gestos, porque existe um fio de luz do candeeiro que escorre para o livro que seguro com a mão, junto ao meu regaço. Ao pé, uma pequena credencia centenária está banhada por sombras fortes, adulterando-lhe as formas torneadas. Mas, mesmo assim, ainda é possível deslumbrar-se o pano cheio de rendas que mima o tampo. Por cima do pano, o telefone. E dele, silêncio como o teu; como o teu silêncio imaculado e persistente.
Abandono o livro para um canto do chão e levanto-me. Dou meia dúzia de passos e fico defronte para a noite. E ali estás, a passear no quarto de uma estrela, toda sorridente. Acompanho-te na tua felicidade, com as mãos entregues aos bolsos da calça, agarrando a tua fotografia.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Choro


Deixo descair com as lembranças um rio de reminiscências para o lençol de flanela, porque os teus olhos estão distantes.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O Que Fazer?


O Rui, uma personagem arrancada ao desbarato numa livraria, perdeu o mundo, assim que o acelerador foi pressionado pela pressa. O encontro com a luz do contrato avantajado não podia esperar. Há muitos abutres que o podiam desviar para os seus estômagos. Havia que ter prudência.
Mas prudência foi coisa que ele não teve, naquela estrada vergonhosa. E o sonho, por isso, acabou em cima de uma cama do hospital, completamente coberto por pedaços de morte. Nunca mais iria mexer-se ou respirar sem a ajuda de uma máquina complexa.
O que acham: desliga-se ou não se desliga o aparelho?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A Mentira


Sinto que as verdades fogem das mãos humanas, por entre palavras escarradas.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sugestão para o Arejo


CONCERTOS PROMENADE Concerto Aranjuez para Guitarra e Orquestra de Rodrigo

Música Clássica/Ópera


O Concerto de Aranjuez representa, na verdade, a vitória do espírito sobre o corpo. Interpretado pela primeira vez em 1940, em Madrid, pelo violonista Regino Sains de La Manza, o Concerto fora composto no ano anterior, após a Guerra Civil, quando Rodrigo retornara de Paris. O título confirma o afinco do compositor às ideias de um nacionalismo espanhol. A estreia desta obra, repleta de temas populares da Andaluzia, surpreendeu todos porque nunca antes ninguém ousara utilizar a guitarra como instrumento solista. A obra, segundo o próprio compositor, é uma visita "aos tempos passados, à beleza dos jardins de Aranjuez, as suas fontes, árvores e pássaros", e representou um dos grandes impulsos que levaram a guitarra, frequentemente considerada um instrumento "folclórico", de volta à cena musical.


24 de Janeiro de 2010 _ 11h30 _ Coliseu do Porto

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Febre do F.


Ontem houve um terramoto no meu prédio, embrulhado em gritos de galinhas em fuga.
Pelos vistos, soube há pouco, o F.C.Porto tirou a ferros uma vitória. Hum…agora percebo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Verdade Verdadinha


Não sei precisar mas não me enganarei por muito, mesmo sabendo que a minha velhice me consome aos poucos a memória, se dizer que há meia dúzia de anos um amigo, das minhas infâncias, trabalhou num episódio florido de uma novela, nuns “fantásticos” segundos. Com uma personagem excêntrica – quer na forma de vestir quer no consumo de heroína.
Meses depois, porque estas coisas são mesmo assim, entrou nas nossas casas as cenas, pela caixinha de surpresas. Eu fiz o favor, a mim, de não as ver; os meus pais viram, claro, e relataram-me depois a sua boa prestação. Fiquei naturalmente feliz.
Ao outro dia, a meio da tarde, encontramo-nos no café do costume. Não estava com boa cara. “Então pá, parabéns…”, “Parabéns uma ova. Esta malta!”, interrompeu-me brutalmente. “O que te aconteceu?”, “Não é que ontem à noite, uns vizinhos foram sussurrar aos meus pais que me drogava. E que até deu na televisão!” Arregalei os olhos com esta beleza!!!!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

E as Novelas…


Acendo o televisor, através de um comando cheio de botõezinhos de várias cores, com funções que desconheço, e uma luz surge vivamente no seu centro. Que, como numa fugida fugaz, preencho o negrume rectangular, iluminando o meu quarto. Dali, aparecem duas personagens, opostas quanto ao sexo, a falar de amor, com o horizonte pintado pelo mar azul, que se confunde com o céu imaculado. Mudo de canal e volto a mudar e este cenário permanece no ecrã, como se eu estivesse a sonhar contigo constantemente, sem me aperceber que tinha adormecido.
Viro-me e, do relógio eléctrico, quatro zeros vermelhos, muito carregados, indicam-me uma hora incómoda para estes sentimentos tão mastigados. A minha paciência já não é a mesma e, por isso, desligo o vírus. E, na escuridão completa, entristeço-me por não sentir um sorriso de um filme.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Prelúdio ao Enfado


Hoje olhei para o bilhete de identidade e arregalei os olhos quando descobri a minha idade. “Ainda és um jovem”, dirão muitos. E isso é verdade, é um facto incontornável, mas o problema é que a minha memória já não tem espaço para colocar as novas pastas, que surgem a cada minuto. E também não consigo apagar algumas, porque estão muito agarradas ao coração…Não sei o que fazer.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um Dia Diferente


Hoje sinto um sorriso especial: FAÇO ANOS

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Romance que escrevo e que ainda não tem título - parte IV


(Continuação)

apressadamente, aproveitando os últimos segundos da prioridade escondida, para voarem a um limite desconhecido, e os animais citadinos, essa casta domesticada, alheios, de pescoço inclinado, direccionam o olhar para o chão e procuram migalhas, partículas, fragmentos vitais para a sobrevivência, e tudo está alheio, preso, excessivamente preso, amarrados aos movimentos sistemáticos do quotidiano, como se tivessem atados a um sufoco eterno, como se tivessem intimamente ligados a um caminho fúnebre e recto, e tudo está alheio, pensativo, organizando ideias, estratégias, trilhos, com intuito de se aproximarem das metas previamente estipuladas, e tudo está alheio, assim, às metamorfoses ocorridas na cidade pelos tentáculos eruditos do sol, que pintam-na assombrosamente com cores fortes, intensas, belas, e tudo está alheio a este quadro, a esta paisagem deslumbrante, mas que me faz brilhar os olhos, que me faz sorrir e pensar que as pequenas insignificâncias, mesmo demorando um suspiro, são a essência da felicidade. Tudo está alheio ao mel dos nadas, tudo está alheio, mas eu nunca estou. Os motivos, para o facto, poderão ser diversos se esmiuçássemos o assunto, mas, epidermicamente, a causa está inserida no prazer do momento, na necessidade de sentir constantemente o aconchego da diferença, a um qualquer pormenor, a uma qualquer mesquinhez do quotidiano, a causa encontra-se na novidade, escondida nas profundezas das trevas, da descoberta esplendorosa de um nova forma de ver o ritual desse detalhe, a causa surge na inovação, palavra que transpira incertezas e que me prende ao gozo da descoberta, a causa está neste abraço simples e eterno do distante, a causa surge na distância entre a utopia e o seu desaparecimento. E tudo está alheio.
Assim que me desprendo do momento, vivido infelizmente num trago, numa rapidez desmedida e fugaz, volto a colocar a máscara moribunda no rosto, salientando as dificuldades dos anos, e obrigo-me a arrastar pelas ruas ortogonais, pavimentadas com materiais gastos por incontáveis recordações, como uma memória cheia de doutrinas, baseada em convicções, que cimentam a eloquência e a identidade do povo – esses adjectivos tão mimados e tão protegidos pelas vozes de defesa. E arrasto-me, arrasto-me lentamente pelos corredores infinitos pintados com cores vivas, frescas, saudáveis, cores de primavera, e arrasto-me pelos corredores rejuvenescidos de fauna e flora, e arrasto-me pelos corredores resplandecentes, normalmente anormais no resto do ano, e arrasto-me, arrasto-me até ao término de um corredor, apenas um, o tal que faz a ponte entre o construído e o selvagem, entre o inferno e o inimaginável, onde o limite é o impensável. E arrasto-me até aos braços da sucessão de curvas em declive, salpicadas por majestosas árvores, de cores e silhuetas diversas, e de sumptuosas flores, trespassadas por percursos em pedra tosca, que cruzam-se, aqui e ali, por mirantes, por pequenas praças de repouso, direccionados para uma lasca, uma pequena parte da cidade mais a poente, que está inundada por recortes, provocados pelos arranha-céus, ladeados por um singelo rio à deriva, e arrasto-me até ao silêncio imaculado do maravilhoso jardim.

(Continuação)

Sujeito a Mudança

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Um Novo Rumo


A geração mais escolarizada de sempre está a dormir em camas demasiado recheadas de cobertores ou a apanhar sol, numa praia bem distante deste país. Bem, aqueles que estão, porque há sempre quem procure outras formas para sobreviver. E esses talvez correspondam à maioria dos efectivos destacados.
Ou seja, o amor a uma causa, criada assim que a faculdade se aproxima, é desvinculado quando o sujeito que amamos nos diz que o nosso rumo terá que seguir uma outra coisa, independentemente se estamos preparados ou não para abdicar do casamento marcado.
Choramos no regaço dos pais, pelo facto e pelo impacto da voz insensível, que foi programa para fazer dor a tudo custo. Criamos raiva e anticorpos contra o mundo. E fazemo-nos adultos, com os braços abertos a algo que nunca gostamos.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Os Odores Tóxicos


Os velhos são uma mercadoria intransportável, já que a matéria-prima que os constrói tem demasiados odores tóxicos. Por isso, não é de estranhar que se suicidem aos magotes, nomeadamente no inverso e no verão, com a família a assistir de longe, sentada em poltronas de luxo!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ler


O nome de João Tordo era-me completamente estranho. Não me dizia nada. Contudo, como é normal, a atribuição do Prémio José Saramago, em Penafiel, ao qual estive presente, tirou-me das trevas da ignorância.
Admito que o olhei de soslaio, quando muito envergonhado, muito nervoso, borrifou algumas palavras soltas para o micro – numa mistela exagerada. Embora, na altura, o compreenderia: não é fácil ser o centro das atenções.
Cheguei a casa, fiz as minhas pesquisas e fiz as minhas compras. E eis o Hotel Memória devorado. Não o mastiguei, é certo, mas quase, uma vez que me senti bastante tentado. O mistério, com pitadas de “aventura nos meandros da condição humana”, tem destas travessuras.
Recomendo vivamente.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Teatro Campo Alegre


A sessão "BOMBA" marca o regresso do poeta e romancista valter hugo mãe às "Quintas de Leitura" promovidas pela Câmara Municipal do Porto, através da Fundação Ciência e Desenvolvimento. Será a sua 6ª presença neste ciclo poético, num espectáculo a realizar dia 28 de Janeiro de 2010, às 22h00, no Auditório do TCA.
"Bomba" é uma narrativa poética, inédita, de valter hugo mãe, escrita em jeito de homenagem a Mário Cesariny. A leitura dos 12 textos que compõem a obra será assegurada pelo próprio autor, que se fará acompanhar por Adolfo Luxúria Canibal, Isaque Ferreira, Rui Spranger e Sandra Salomé. A convidada especial Ianina Khomelik, violinista russa, também intervirá neste momento.
O jovem fotógrafo Nelson D' Aires, prémio revelação FNAC em 2006, dá imagem à sessão.
O sempre esperado momento de dança será, desta feita, afirmado por dois elementos da companhia "Bomba Suicida". Tânia Carvalho e Luís Guerra apresentarão a peça "URRA! ARRE!" (versão Boca de Cena), numa ousada coreografia de Luís Guerra.
Fica para o fim um dos momentos mágicos da sessão - estreia nas "Quintas de Leitura" do trio lisboeta TIGRALA formado por Norberto Lobo (um dos mais promissores e celebrados guitarristas portugueses da nova geração), Guilherme Canhão (guitarrista dos Lobster) e Ian Carlos Mendonza (percussionista mexicano).
Oriundos de universos musicais que poucos achariam compatíveis, os TIGRALA apresentam-se em formato acústico, com Norberto Lobo a trocar a guitarra pela tambura, Guilherme Canhão a desligar a sua guitarra da corrente e Ian Carlos Mendonza a esticar criativa e melodicamente o conceito de percussão.


Espectáculo para maiores de 18 anos.
Bilhetes a 9,00 e 6,00 Euros.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Palavras com Memórias - #001


Não havia domingo, depois do almoço, que não nos juntássemos ao pé do posto da guarda de Lordelo, como se os nossos corpos necessitassem desta tradição para adquirirem a plena felicidade domingueira. Exceptuando, naturalmente, nos dias de chuva e de vento forte. Que nos obrigaria, pois, a permanecer por casa, com os rostos calados e colados ao vidro de uma janela, envoltos em palavras classificadas por uma rodinha vermelha, até que a noite e o sono nos retirassem do desastre do dia.
Daí, todos juntos, calcorreamos o caminho instável, a bom ritmo, por entre brincadeiras próprias da idade – como o jogo das matrículas, por exemplo, que consistia em contabilizar o número de vezes que acertávamos com um número que previamente tínhamos escolhido – sem nos preocuparmos com os perigos eminentes entre o peão descuidado e os automóveis loucos pela velocidade. Felizmente nunca houve um mínimo arranhão nem um susto incómodo a registar.
Uma hora, uma hora e meia depois, talvez por aí, estávamos dentro de Paços de Ferreira, a borrifar sorrisos a cada esquina e a encher os pulmões do néctar mais genuíno que o planeta nos podia oferecer. Com as palavras presas no fascínio, na luz, nas pessoas, eu sei lá o que mais, desta cidade que nos acolhia de forma ímpar, pelo menos para nós.
E o gesto era bem simples, demasiado simples, quase uma insignificância, como se um nada bastasse para atingirmos o auge da alegria; e o gesto era tão simples como o de abrir as portas das ruas, das praças e, claro, dos bolos recheados a algo. Que bruscamente devorávamos até à última migalha, sob o olhar atento e interrogador dos clientes e funcionários. Depois, com os pratos vazios, limpos, encostávamos as costas nas cadeiras e fechávamos os olhos para saborear o alimento no estômago, por largos períodos. Hoje ainda sinto essa satisfação.
Por fim, o regresso. Essa chatice inevitável; esse castrador de felicidade. Mas o relógio não estrangulava os ponteiros e o dia não bloqueava a noite, e os nossos pais não perdoavam um atraso.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Futuro


E tudo voltou ao normal, como se as nossas verdades tivessem tirado apenas umas férias de dias, a fim de comemorar em família, numa aldeia estranha, as desgraças que se avizinham. Numa grande cavaqueira, regada por um magnifico champanhe.
O problema será de perceber se as nossas forças, muito desgastadas, aguentarão os futuros problemas.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ideia Louca


Sinto-me coberto por uma película de pó. Que provavelmente é semelhante à película que envolve os móveis velhos…

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Mensagem


"...o sexo corresponde a uma destruição da imagem ideal que nós fazemos do objecto da paixão..."

Nuno Júdice



"Queremos o nosso dinheiro, queremos o nosso dinheiro..." Que estranho!!!Não é só ir ao banco e levantá-lo?