sexta-feira, 18 de junho de 2010

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Há a família Kozak que, na Ucrânia, tenta ultrapassar a ausência do pai emigrado no Brasil, para onde toda a família rumará. Mais tarde, num navio, na tentativa de um reencontro. Noutra cidade, noutro tempo mais futuro e talvez apocalíptico, existe Michael, estudante de cinema, que tímida [mas intensamente!] se apaixona por Nina.
São estas duas narrativas os fios condutores. Mas “Diálogos para o Fim do Mundo”, o novo livro de Joana Bertholo, está intersectado de outras estórias e detalhes. Como a capacidade de amar [mesmo em tempo de guerra], as inúmeras espécies extintas do planeta [e outras que ainda não estão], a ditadura das religiões e das suas igrejas “onde nem todos são bem-vindos”.
A escrita moderna deste romance marcado por intercepções, forwards e rewinds - como se, através de um telecomando, tentássemos ver de uma só vez vários filmes que passam em canais diferentes - pode parecer difícil durante os primeiros capítulos.
Mas ao entrarmos no olhar [cinematográfico?] e na melodia que se constrói capítulo a capítulo, tudo se conjuga. Porque apesar do tempo e do espaço que separa as personagens e as estórias, “segue tudo e todos juntos, num ajuntamento de opções flutuantes, uma espécie de arca”, como diz a contracapa do livro.
Apesar de jovem [nasceu em 1982] Joana Bertholo apresenta já um currículo extenso. Actualmente vive em Berlim, mas já fixou residência em diversos países europeus e também na Argentina, acumula prémios literários e outros, tem dois livros de ficção publicados [«Havia – Histórias de coisas que havia e de outras que vão havendo» e «Boa-Nova»] além do que foi agora editado e distinguido com o prémio Maria Amália Vaz de Carvalho.


entrevista à RDB, Joana Bertholo

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